O que obstrui o progresso

Conta-se que, quando o exército de Napoleão obteve grande vitória numa batalha e um dos comandantes relatou-lhe como foi o combate, ele ficou ouvindo em silêncio até o fim, e depois perguntou: “E qual vai ser a próxima estratégia?”. Essas palavras denotam o espírito decidido de Napoleão, disposto a progredir cada vez mais. Não estou, de modo algum, enaltecendo a figura de Napoleão como um líder militar. Citei-o por sua determinação de progredir sempre.
Quer se trate de estudos ou de um empreendimento, é natural que, ao ser concluída uma etapa, a pessoa pare a fim de analisar o que foi feito e saboreie o êxito obtido até aquele momento. Mas se ela não pensar também em “o que fazer na próxima etapa”, ficará embriagada pelo êxito temporário e atrasará o início da próxima etapa do progresso. A vida encerra em si a perfeição infinita. Portanto, somente tendo-se como meta o progresso infinito é que será possível manifestar concretamente a força infinita latente, a cada minuto, a cada segundo, de acordo com a ocasião, o lugar e a pessoa. Qualquer pessoa, quando compreende uma parcela da verdade, vê surgirem em seu cotidiano diversos fatos que podem ser considerados milagrosos, e, maravilhada com isso, tende a ficar marcando passo, pensando “já alcancei a iluminação”, “já não preciso mais continuar me empenhando na busca da verdade”. Nisso existe uma tentação perigosa para o espírito. Quando uma pessoa pensa que já conseguiu o suficiente, ela se coloca no ponto de partida para o retrocesso. Segundo os psicólogos, todo ser humano possui, latente, grau variável de regressão. E uma das formas de regressão é o desejo de “retornar ao útero materno”. Dizem os psicólogos que o bebê resiste em sair do útero e reage ao ato de ser expulso do útero soltando berros de protesto. Dentro do útero materno, o nascituro está livre de perigos; ali é quente e confortável, e ele tem todos os elementos necessários para a sua subsistência. Portanto, é natural que todo ser humano tenha, no fundo, o desejo de permanecer sempre naquele refúgio seguro e confortável. É por isso que, mesmo depois de tornar-se adulto, ele possui tendência para a regressão, que obstrui o progresso, opondo-lhe resistência. Quem deseja progredir deve, portanto, superar essa tendência de regressão.
Você não deve se dar por satisfeito por ter concluído uma etapa. Não deve pensar: “Já estudei bastante; acho que posso parar por aqui”, “Meus negócios já se expandiram o suficiente; agora vou descansar” etc. Não fique marcando passo. Ainda que tenha compreendido o ensinamento da Seicho-No-Ie e vivenciado alguns acontecimentos milagrosos, não pense que já despertou para a verdade em todos os aspectos. O monge Hakuin disse: “Grandes iluminações, alcancei-as dezoito vezes; pequenas iluminações, incontável número de vezes”. Realmente, na jornada em busca da verdade há muitas e diferentes etapas de iluminação, e quando a pessoa pensa que já atingiu o grau máximo de iluminação, ela cessa de progredir. Aquele que não se contenta apenas com o pequeno progresso e se esforça constantemente para “polir” um pouco mais a sua alma, lendo assiduamente livros que pregam a verdade e praticando sempre a caridade, finalmente alcançará o grande progresso.




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