Lair Ribeiro

Prestamos cada vez menos atenção às nossas próprias necessidades, e somos levados a acreditar que precisamos de coisas que nem sempre são aquelas que queremos.

Nosso desenvolvimento tem se dado de forma mais artificial do que orgânica. Isso nos leva a perder a espontaneidade, a criatividade e a alegria de viver. Nosso eu interior vai se deformando e os nossos valores mais verdadeiros vão se perdendo. Saber como isso funciona coloca você em contato com uma pessoa muito especial: você!

O conceito de auto-estima

Seu desempenho na vida nunca será maior do que a sua auto-estima. Se você não se gosta, o mundo não vai gostar de você. Mas você não nasceu sem auto-estima. Você nasceu gostando muito de você. Só que, até a idade de 8 anos, você recebeu tantos nãos — não faça isso, não faça aquilo, não pode isso, não pode aquilo — que sua auto-estima ficou deturpada.

O modo como somos criados nos leva, muitas vezes, a não gostar de nós mesmos.

Em uma pesquisa feita nos Estados Unidos com crianças entre 3 e 4 anos, descobriu-se que, até com­pletar 8 anos, uma criança recebe aproximadamente 100 mil nãos! Para cada elogio, a criança recebe nove repreensões. Mesmo diante de tantas negativas, as pessoas têm de continuar vivendo. O que elas fazem, então? — De­senvolvem o mecanismo da compensação.

Como dizia Dr. Adler, discípulo de Sigmund Freud, “toda compensação traz uma certa deformação”. E, nesse processo, as pessoas criam uma dicotomia entre o que elas são para a sociedade e o que são para si mesmas, desperdiçando nisso uma enorme energia vital.

Mudando para melhor

Em uma parte do seu cérebro existe uma estrutura chamada substância reticular ativadora as­cen­dente, que tem duas funções:

  • Manter o cérebro acordado, em estado de vigília.

Quando levanta a mão ou o braço, você libera mais energia do que é preciso. Então, sobra energia. Essa energia que sobra segue pelos nervos até encontrar a substância reticular ativadora ascendente, que vai ativar o seu cérebro e mantê-lo acordado, em estado de alerta.

Para não cochilar no volante enquanto dirige à noite, coloque cinco chicletes na boca e vá mastigando. Ao contrair a mus­culatura da mandíbula, você ativa a substância reticular e mantém o cérebro acordado.

  • Filtrar o que entra e o que não entra no cérebro.

Nosso cérebro só pode computar de cinco a nove in­for­ma­ções de cada vez. Você não pode prestar atenção na ponta do seu nariz, no dedo do pé direito, na leitura deste artigo, na temperatura da sala e no barulho da rua, tudo ao mesmo tempo. O cérebro se concentra em poucas coisas: ele estabelece prio­ridades.

Quem define as prioridades é a substância reticular ascen­dente, funciona como se fosse a secretária executiva do seu cérebro: “Eu, agora, não quero saber disso, quero saber daquilo, não quero mais saber daquilo, quero saber daquilo outro”, e assim por diante.

Um exemplo: Uma menina de 13 anos que é abusada sexualmente chega à conclusão de que homem nenhum presta. Todas as vezes que vier uma ma­ni­festação de que “homem presta”, a substância reticular vai blo­queá-la e o cérebro nem vai ficar sabendo. Todas às vezes que vier uma manifestação de que “homem não presta”, a substância reticular vai deixá-la passar e o cérebro reagirá assim: “Está vendo? Eu não falei que homem não presta?”.

Uma crença, uma vez estabelecida, tem como função única e exclusiva se perpetuar. Por meio do seu desenvolvimento, você codificou uma série de coisas. E como você codificou, também pode descodificar. Acompanhe os próximos artigos para continuar aprendendo sobre este assunto.




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