O “Eu Superior” e o “Eu Inferior”

O “Eu Superior” e o “Eu Inferior”

Existe um provérbio antigo que diz: “O maior vitorioso é aquele que vence a si próprio”, Este provérbio expressa o fato de que no ser humano existem o “eu inferior” e o “eu superior”, e significa que o maior vitorioso é aquele que consegue dominar o “eu inferior” com a força do “eu superior”. Hoje em dia, é comum as pessoas apregoarem que “a democracia consiste em defender a liberdade e os direitos do indivíduo”. Mas muitos que fazem tal afirmação denotam um autoconhecimento bastante falho. Embora falem em liberdade e direitos do indivíduo, não têm autocognição suficiente para discernir se o termo “indivíduo”, nesse contexto, se refere ao “eu superior” ou ao “eu inferior”. No aforismo “Praticar um ato de benevolência sacrificando a si próprio”, percebemos que quem pratica esse ato de benevolência é o “eu superior”; já nas frases como “Agir com egoísmo, para defender a si próprio”, quem age desse modo é o “eu inferior”. Que acontecerá se todos se lançarem á busca da liberdade e direitos do indivíduo sem fazer distinção entre o “eu superior” e o “eu inferior”? Provavelmente, muitas pessoas desejarão a liberdade de procurar somente os prazeres e o conforto do corpo, e poucas se empenharão em prol da sociedade e do próximo, renunciando ao conforto e aos prazeres físicos. Nos dias atuais, em nome da “educação democrática”, muitos japoneses repudiam o preceito escrito pelo imperador Meij i, que diz: “Numa crise nacional, todo ci-dadão deve se dedicar em prol da nação”, considerando-o um ensinamento arcaico, de cunho feudalista. É evidente que tais pessoas consideram antiquada a ideia de dedicar-se para o bem de todos e estimulam a postura individualista de buscar a satisfação dos desejos pessoais, partindo da ideia equivocada de que essa é a nova moral, de cunho democrático. Numa época conturbada como esta, em que se verifica uma inversão de valores morais, surgem pessoas que pensam somente nas conveniências próprias, não se importando com o destino da pátria; e cresce também o número de trabalhadores que ‘insistem em fazer greves para conseguir um aumento salarial, sem considerar a conjuntura nacional, sem refletir que o aumento salarial dos empregados na atual circunstância levaria as empresas à falência, o que resultaria num retrocesso do Japão no panorama econômico internacional. Em resumo, aumenta o número de pessoas que não se preocupam nem um pouco com questões de interesse público. É certo defender a liberdade e os direitos do ser humano. Para isso, porém, é necessário fazer clara distinção entre o “eu superior” e o “eu inferior” do ser humano. Caso contrário, corre-se o risco de ter uma ideia confusa a respeito de liberdade e direitos do homem e agir de modo equivocado.
Mas, afinal, como distinguir e “eu superior” do “eu inferior”? Qual o critério para isso? Vamos refletir.
Quando o exército soviético invadiu a Manchúria, um oficial tentou violentar uma mulher casada, jovem e bonita. Apesar de lutar com todas as suas forças, ela acabou sendo dominada; percebendo que não conseguiria escapar, ela se matou, dilacerando a língua com os próprios dentes. Ela preferiu morrer a desonrar o marido. Neste exemplo, vou chamar essa jovem senhora de A.
Uma outra mulher casada, jovem e bela, também foi atacada por um oficial soviético. Essa mulher, a quem vou me referir com o pseudônimo B, agiu de modo totalmente diferente de A. Em vez de tentar resistir, mostrou-se coquete para agradar o oficial, deixou que ele a possuísse e acabou tornando-se amante dele.
Qual das duas teve uma atitude mais digna? Por que achamos mais digna a atitude de A? Vamos refletir sobre a razão disso.
Estupros e tentativas de estupro ocorrem também em época de paz. No filme Shirasagi (Garça Branca), produzido pela Cia. Daiei, existe uma cena em que a personagem interpretada pela atriz Fujiko Yamamoto é atacada por um homem, que trancou a porta do quarto e tenta violentá-la.
O “eu espiritual” é superior ao “eu carnal”. A prova disso é que admiramos a conduta de uma pessoa que consegue manter a pureza espiritual dominando os apegos do “eu carnal”, ao passo que consideramos degradante a conduta de uma pessoa que vive perseguindo a satisfação dos desejos carnais ou que perdeu o conceito de honra e não sente escrúpulo em deixar-se macular para preservar a Vida do corpo carnal.




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