Professora do João XXIII recebe Prêmio Professores do Brasil

A professora do Colégio de Aplicação João XXIII, Lucilene Hotz Bronzato, foi premiada na etapa Estadual do Prêmio Professores do Brasil 2018 (11ª Edição), pelo relato de prática pedagógica “Campanha educativa: sim. O melhor é falar sobre o suicídio!”. O Prêmio Professores do Brasil é uma iniciativa do Ministério da Educação em conjunto com instituições parceiras para reconhecer, divulgar e premiar trabalhos de professores de escolas públicas que contribuem para a melhoria da qualidade da Educação Básica no Brasil.

Neste ano, o prêmio recebeu relatos de práticas pedagógicas desenvolvidas por professores com seus alunos. Os trabalhos oferecem reflexões e estimulam a participação dos docentes como sujeitos ativos na implementação do Plano Nacional de Educação e da Base Nacional Comum Curricular.

Lucilene apresentou um relato, descrevendo uma sequência de didática que culminou em uma campanha educativa cuja temática é a prevenção do suicídio e a valorização da vida. A professora explica que o objetivo inicial que disparou toda essa campanha educativa foi o ensino da argumentação escrita e oral. Entretanto, diferente dos temas que Lucilene já imaginava que fossem ser sugeridos (violência, gravidez na adolescência, aborto), os temas propostos pelos alunos foram a depressão e o suicídio.

A partir do conhecimento dessa demanda, que também envolvia os alunos do 6º, 7º e 8º anos do Ensino Fundamental II, a professora conta que se preparou para falar sobre o assunto a partir de artigos científicos e dossiês disponibilizados na internet, que convergiam em um ponto específico: é essencial tratar abertamente sobre esse tema. Lucilene ressalta que buscou fortalecer os estudantes para aguentarem emocionalmente as discussões, por isso coordenou também algumas dinâmicas como a “Sobra alegria em nossas vidas”. A atividade pretendia ressaltar as pequenas alegrias que cada um vive, sem dar muito valor, mas que são importantes. O resultado final dessa reflexão foi a confecção de um mural, feito de postites, com “coisinhas à toa que deixam a gente feliz” para que, no decorrer de todas as discussões sobre suicídio, o mural funcionasse como “uma tábua de salvação”.

A argumentação foi introduzida por uma discussão sobre “sistemas de reputação” presentes nas diferentes esferas da sociedade, que levam os estudantes a lidarem diariamente com cobranças de desempenho rigorosas e, consequentemente, resultando em dificuldades emocionais. A professora também trabalhou com os alunos uma reportagem publicada na Revista Superinteressante, intitulada “Sim. O melhor é falar sobre o suicídio”, de julho de 2017, para orientar e reunir mais informações sobre o tema.

A partir de todos os estudos feitos anteriormente, os estudantes propuseram a realização de uma campanha educativa pela escola – onde já havia relatos de tentativas de suicídio. Iniciaram uma pesquisa de estratégias de marketing para alcançar o objetivo principal da campanha: a valorização da vida e propostas de possíveis soluções para problemas como depressão e solidão.

A campanha incluiu confecção de cartazes, com a divulgação das principais informações colhidas, um adesivo para quem quisesse aderir à campanha, bem como contatos para obter ajuda, como o Centro de Valorização da Vida (CVV). Além disso, os alunos dividiram-se para visitar as 21 salas de aula do Colégio, do Ensino Fundamental II ao Ensino Médio. Em cada uma delas, trios de alunos falaram sobre o tema da campanha, espalharam os cartazes pelas salas visitadas, reproduziram áudios motivadores que foram trabalhados anteriormente em sala de aula, como a música gravada pelo rapper, aluno da escola, Yhoung Smoke, e composta por Lucilene. Nesse momento, o projeto recebeu apoio de psicólogos e assistentes sociais do Núcleo de Apoio Escolar (NAE) do Colégio.O estudo da língua portuguesa esteve presente em vários momentos como nas avaliações das mídias confeccionadas pelos alunos e na preparação da argumentação oral para a campanha.

Segundo Lucilene, a vida que a maioria dos jovens leva hoje representa uma rotina de pressões e solidão, portanto, “se a escola não mostrar outros caminhos, não serão os adolescentes que os acharão sozinhos. A invisibilidade que hoje avassala as relações tem de ser superada, ao menos, na escola. Os alunos do 9º ano do João XXIII contribuíram concretamente para a valorização de uma cultura da paz e de boa convivência, essenciais a quem procura e precisa de uma sociedade mais humanizada.”

A comunidade escolar do Colégio de Aplicação foi positivamente impactada e a professora Lucilene ressalta que o sentimento de representar o Colégio em uma premiação que desenvolve o exercício de reflexão sobre a própria prática pedagógica é gratificante. “Esse trabalho me abalou demais psicologicamente. Eu tive que me fortalecer, me convencer de algumas crenças, me encher de amor para só então lidar com esse drama contemporâneo. É uma recompensa ao meu esforço psicológico. É um alento e um prêmio para todo e toda aluno ou aluna que participou da campanha, porque mostra que nem toda luta passa despercebida ou é em vão. Incentiva os alunos a exercitarem a alteridade e a compaixão, indo, pois, ao encontro da valorização da vida. Estou muito feliz, satisfeita e emocionada”, completa.

 

Fonte: Assessoria UFJF




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