Número de pessoas que moram sozinhas no Brasil está crescendo

A Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostra que de 2005 a 2015, o número de pessoas que moram sozinhas aumentou de 10,4% para 14,6% no País, especialmente a partir dos 50 anos. Nesta faixa etária, no período analisado, o número subiu de 57,3% para 63,7%. Segundo a pesquisa, a tendência do aumento da proporção de arranjos unipessoais está relacionada com o envelhecimento populacional que é marcado por uma mudança no padrão etário da população, em que aumenta a participação dos idosos e diminui a de crianças e adolescentes.

De acordo com a psicóloga Helen Amaral, as razões pelas quais as pessoas têm tomado a decisão de morar sozinha podem ser positivas ou negativas. As razões podem ser por conta de buscar uma independência pessoal no sentido de criar as próprias soluções para os problemas, de criar as próprias demandas, de tomar as próprias decisões, como também pode ser isolamento. Às vezes a pessoa tem conflitos familiares e decide morar sozinha”, comenta. A psicóloga ainda fala que é importante analisar o que está por trás do desejo de morar sozinho. “‘Esse desejo é legítimo por quê? Esse desejo é legitimo porque acha que não se encaixa em determinado núcleo de pessoas ou porque deseja ficar só para construir algo de uma independência, de uma conquista pessoal?, conclui.

Entre os idosos, as mulheres são maioria com 50,3% vivendo em arranjos unipessoais, já os homens atingem 49,7%. No total, 15,7% das pessoas que não têm companhia em casa tem mais de 60 anos. Esse é o caso da dona de casa Regina Masiero, 63 anos. Ela mora sozinha e tem três filhos. Moro sozinha porque ainda me sinto capaz de gerir as coisas e bens. Decidir por me sentir bem comigo mesma, conta. Para Regina, o benefício de morar sozinha é poder organizar as tarefas sem conflitos. Morar só requer atenção em cumprir tarefas como: trocar lâmpadas, trocar chuveiro e subir em lugares altos. A parte que gosto é somente por não ter que dar satisfação para ninguém quanto ao sair e voltar, conclui.

Outro grupo que também foi analisado são as pessoas de 25 a 35 anos. De acordo com os dados do IBGE, pessoas com essa faixa etária ainda continuam morando com os pais e parecem não mudar suas escolhas diante do cenário socioeconômico do País. No período analisado, esse número subiu de 21,7% para 25,3%. A pesquisa aponta que as pessoas dessa faixa etária são mais escolarizadas e, em sua maioria, trabalham. Esse grupo mantém a permanência com a família por ainda estarem concluindo os estudos, por acomodação ao padrão de vida dos pais ou por dependência emocional deles. Nessa faixa etária está incluso o Servidor Público Nelson Rodrigues, 29 anos. Contrário aos dados apresentados, Nelson mora sozinho e conta que sua escolha está relacionada, primeiramente, a questões geográficas. Por força de localização do meu trabalho distante do Centro da cidade. A decisão surgiu também pelo fato de prezar muito pela questão de liberdade particular e meus hábitos, conta. Para o Servidor, esse modelo de vida o tem levado, de forma geral, ao amadurecimento. Novas experiências como fazer o próprio mercado, cuidar da casa, lembrar dos compromissos mensais, zelar pelo meu canto. Para ele, a maior dificuldade de morar sozinho são as tarefas domésticas.

A pesquisa também traz dados referentes à distribuição dos domicílios pelas diferentes condições de ocupação. Esses números têm se mantido relativamente estável. Em análise, há um predomínio dos domicílios próprios, em que se encontravam 73,4% dos domicílios particulares permanentes brasileiros, em 2005, e 74,8% em 2015 – sendo 69,9% já quitados (próprio – já pago) e 4,9% ainda em financiamento (próprio – pagando). É possível perceber uma ligeira expansão da proporção de domicílios na categoria alugado, que passaram de 16,0%, em 2005, para 17,9% em 2015, e uma redução de 3,3 pontos percentuais dos domicílios cedidos ou em outra condição, que passaram de 10,6% para 7,3% entre 2005 e 2015.




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