Arnaldo Niskier

Conduzidos pela professora Bilba, os alunos da segunda série do ensino fundamental da Escola Eliezer Max, do Rio de Janeiro, submeteram este autor a uma inteligente sabatina, com perguntas de todos os calibres. É verdade que o sr. nasceu em Pilares e que os seus pais eram poloneses? Por que vieram para o Brasil?

Tive que explicar o que era o nazismo na Europa e a terrível perseguição aos judeus. Estudei em escolas públicas e delas não saí nem quando passei à vida universitária, toda ela realizada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde me formei em Matemática e Pedagogia. Porque escolhi a profissão do magistério e, nos primeiros tempos, a minha matéria preferida era a Matemática. Tive que explicar a influência dos meus irmãos mais velhos, dois dos quais eram engenheiros.

Quando escrevi o primeiro livro? Foi em 1964 e o título, “Administração Escolar”. Tinha acabado de fazer um concurso na UERJ e uma editora de Porto Alegre (Tabajara) me ofereceu para publicar a tese, o que aceitei de imediato. Depois, em parceria com a minha colega, professora Beatriz Helena Magno, resolvi elaborar a coleção de livros de Matemática para o ensino fundamental (“A Nova Matemática”), por Bloch Editores, um sucesso incomparável. Vendemos cerca de 10 milhões de livros, muitos dos quais para o programa do livro didático do MEC.

Hoje, escrevo uma crônica semanal que é distribuída para 13 jornais do país inteiro. O tema costuma ser educação, sem dúvida a minha grande preferência. Quando chego a 100 artigos, reúno e faço um livro, como vai acontecer com o próximo: “Identidade Brasil”. Espero que saia até o final do ano.

A garotada queria saber quais os últimos livros lidos. Levei um susto quando falei no “Homo Deus”, de Yuval Harari, e um menino de óculos disse que era a obra que estava sendo lida por seu pai, como se já estivesse familiarizado com esse bestseller. Tão cedo!

A turma ficou espantada quando contei que já tinha escrito mais de 100 livros, a maioria para crianças. Por que essa preferência? Tive que explicar a minha admiração desde cedo por Monteiro Lobato e, consequentemente, a sua influência sobre o meu trabalho.

Alguns meninos queriam saber também o que representou ser secretário de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, que fui em dois mandatos. O Rio tem muitas escolas e é preciso que elas sejam devidamente administradas. Já as meninas estavam mais interessadas na minha vida acadêmica. Quando disse que já estava há 34 anos na Academia Brasileira de Letras, de onde hoje sou o vice-decano, houve uma certa comoção, sobretudo quando citei o prazer de conviver com autores como Jorge Amado. É mesmo? – perguntou uma lourinha, como se não estivesse acreditando.

 




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