Estamos sendo observados. Nas ruas das cidades. Nas galerias comerciais. Nas faculdades, bares, centros culturais. Não importa para onde você está indo, muito provavelmente, vai existir uma câmera lá para te observar. Ou te vigiar. O que pode ser acolhedor e sinal de segurança para uns é opressor para outros. Com a proposta de discutir esta enorme presença de câmeras em uma sociedade cada vez mais visual, o artista Rafael Ski inaugura a exposição interativa “Faceless People” (pessoas sem face) n’ OAndarDeBaixo, no dia 26 de julho, a partir das 18h.
A existência de câmeras de vigilância em espaços de convivência social já foi e continua sendo tema de muito debate. O assunto é sim complexo e costuma dividir opiniões. Se pensarmos ainda em celulares e outras telas como extensões de câmeras, vamos nos dar conta de que realmente podemos ser filmados a qualquer momento em qualquer situação da vida cotidiana. E nada melhor do que levantar esse debate por meio de uma exposição artística interativa para convidar todo mundo para o centro da ação.
“Ser observado constantemente me dá calafrios e me frustra quando a resposta a isso é a máxima de ‘quem não está fazendo nada de errado, não tem nada a esconder’. Ora, então só os criminosos podem desejar essa tão assaltada privacidade?”, questiona o artista Rafael Ski.
A instalação
Quarenta câmeras de vigilância controladas por braços mecânicos, um emaranhado de fios coloridos e uma televisão compõem a instalação. Enquanto o visitante caminha pela exposição, todas as câmeras, ao mesmo tempo, registram seus movimentos.
O percurso de visitação faz com que cada pessoa veja a sua própria imagem, como se fosse um espelho, na tela da televisão que está quase escondida no meio desse emaranhado de câmeras e fios. E ao ficar de frente consigo mesmo, o visitante, na verdade, não encontra seu rosto. Ele está sem face.
Imagine o potencial efeito disso na nossa sociedade visual, cada vez mais, cercada por selfies por todos os lados. O rosto que pode ser considerado como o fator principal para identificar uma pessoa, simplesmente, não estará sendo exibido, ou refletido, na televisão.
Nas palavras de Ski: “O visitante se vê, cercado de câmeras, e sem um rosto. Seus olhos, nariz e boca foram removidos digitalmente, sua identidade se perdeu. Apenas um corpo a ser seguido”.
O projeto é financiado pela Lei Murilo Mendes, lei de incentivo à Cultura de Juiz de Fora, e conta ainda com duas ações: um debate sobre a temática central da exposição e uma oficina sobre o microcontrolador arduino, a principal ferramenta tecnológica usada na instalação, a serem realizadas em agosto (em data a ser definida).
Faceless People fica em cartaz até o dia 26 de agosto n’ OAndarDeBaixo. As visitas são gratuitas e podem se feitas de quinta a domingo, das 18h às 21h.
Fonte: Assessoria