Depois que o Cravo brigou com a Rosa debaixo de uma sacada, a vida dos dois nunca mais voltou a ser só flores como era antes. Ele desmaiar no hospital na hora em que ela foi visitá-lo demonstrou um despreparo psicológico do Cravo para encarar novamente sua parceira.

 

O casamento já não andava muito bem. Rosa era muito espinhosa e o Cravo se denominava sem defeito, uma Flor dos Deuses. Popularmente e musicalmente juntos, os dois já casaram várias vezes, ela sempre cheirosa nos bouquets das noivas e ele imponente nas lapelas dos noivos. A harmonia dos dois parecia perfeita, mas era só aparência. Na intimidade eles não combinavam.

 

Qualquer motivo era oportunidade para discussão, mas no dia da tão famosa briga a coisa ficou feia. O Cravo chegou a casa acompanhado de uma Trombeta de Anjos, queria dar mais musicalidade ao relacionamento. A Rosa não demonstrou sentimentos, parecia uma Flor-Cadáver, imóvel. Ele ficou com o Coração Sangrando e saiu de casa parecendo uma Samambaia Chorona. Ela foi atrás dele para discutir a relação, porém a Rosa tradicionalmente não fala, ela apenas exala o perfume que roubam dela.

 

Essa falta de comunicação fez com que a briga ocorresse. Ao sair de casa, ele foi ver seus amigos em uma floricultura embaixo de uma sacada na esquina, ela, com ciúmes, jogou seus espinhos sobre ele que saiu todo ferido, mas não revidou. A Rosa, vendo o que tinha feito, ficou despedaçada.

 

Hoje cada um vive em seu canto. O Cravo atualmente mora na índia, se adaptou tão bem naquele país que os amigos o apelidaram de Cravo-da-índia. A Rosa resolveu ganhar o mundo e ninguém sabe de seu paradeiro, escolheu ir para onde o vento a levasse, virou a Rosa dos Ventos.

 

Léo Bonoto




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