Ele pegou todas as suas coisas que estavam na empresa, sua caixa de lápis de madeira, sua caneca personalizada com a logo do seu bairro, seu copo de plástico com o símbolo da firma. Foram anos de luta e amor, mas todo ciclo chega ao fim. Era dia de dizer adeus para seus colegas de trabalho.

 

Quando chegou naquela manhã ele fez questão de esconder a emoção, não queria demonstrar fraqueza sobre a incerteza do futuro. É arrimo de família e esse trabalho era a única renda que ele possuía.

 

Sentou à mesa de refeições com seus colegas e saboreou o último café. Demorou um pouco mais que o permitido, mas para ele não fazia mais diferença. Sentou na cadeira que o acolheu durante todo o tempo que passou ali e escreveu o último artigo que lhe foi confiado. A tela do seu computador tinha como pano de fundo uma foto de sua esposa e filhos, ele a substituiu pela mesma logo que estava no copo de plástico.

 

Na hora do almoço ele não quis ir para casa, preferiu ficar na empresa para aproveitar cada último segundo seu ali. Durante algum tempo se trancou no banheiro para chorar, não queria que as pessoas o vissem triste. Ele que sempre foi alegre, brincalhão e adorava cantarolar Elvis Presley pelos corredores, queria que essa fosse a lembrança que os colegas tivessem dele.

 

O tempo foi passando e chegando a hora da despedida. Depois de juntar suas coisas era hora de bater o ponto pela última vez e dizer o tão não esperado adeus. Abraçou cada um dos seus amigos. Pegou suas coisas, bateu o ponto, desceu as escadas, abriu a porta e saiu. Antes de desaparecer pela rua, escutou alguém o chamando, ele olhou para trás e viu todos os seus amigos correndo pela rua em sua direção para dar um último abraço. Em um único e lindo coro todos cantavam “It’s now or never” enquanto o abraçavam.

 

Léo Bonoto

 




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