O presidente do Parlamento Suíço, Dominique de Buman, chega neste domingo, 13, ao Brasil para uma visita de quatro dias. Ele permanecerá em Nova Friburgo (RJ), cidade que comemorará 200 anos da imigração suíça no Brasil e ficou conhecida como “Suíça brasileira”.
Dominique de Buman, que ocupa o maior cargo público do país, visitará também Cantagalo e Duas Barras, municípios que fazem parte da colônia de imigrantes suíços. Ele permanecerá na região até o dia 17. O presidente estará acompanhado de 15 parlamentares e 160 cidadãos suíços, além do embaixador da Suíça no Brasil, Andrea Semadeni, e do cônsul-geral suíço no Rio de Janeiro, Rudolf Wyss.
Depois dos portugueses, os suíços deixaram a Europa no momento em que havia uma grande crise econômica, desemprego e fome em todo o continente. Os primeiros imigrantes suíços chegaram entre 1819 e 1820, provenientes do cantão de Friburgo, beneficiados por decreto humanitário de Dom João VI. O decreto previa a vinda ao país de 100 famílias, “mas, na prática, vieram 430 famílias”, disse à Agência Brasil o presidente da Colônia Suíça em Nova Friburgo, Geraldo Thurler.
A viagem não foi fácil. O navio mais rápido chegou nas terras brasileiras depois de 55 dias. Um quarto dos colonos morreu durante a travessia. “De 2.006 pessoas, chegaram 1.600”, conta Thurler. A primeira comitiva chegou a Nova Friburgo no dia 16 de novembro de 1819. Assim que chegaram, os suíços batizaram a região em que passaram a habitar de Nova Friburgo, hoje uma cidade com 186 mil habitantes, situada a 140 quilômetros do Rio de Janeiro. A cidade foi fundada por suíços de 11 cantões. Existem 26 cantões na Suíça, que são áreas independentes e integrantes do Estado Federal Suíço.
Instalados aqui, os colonos suíços passaram a comprar propriedades dos antigos barões do café. No entanto, a plantação de café já não era um negócio tão rentável e seguro e passaram a apostar na pecuária.
Deve-se aos suíços, segundo Thurler, a importação das primeiras matrizes de gado nelore para o país. “Foi a origem de praticamente 80% do gado de corte do país”.
A colonização acabou se expandindo para municípios vizinhos, como Cantagalo, Duas Barras e Santa Maria Madalena. Geraldo Thurler destacou que nessa caravana de imigrantes vieram profissionais, como carpinteiros, queijeiros, ferreiros, que contribuíram para o desenvolvimento local. “Trouxeram a ‘expertise’ da mão de obra suíça para cá. A partir daí, houve uma adaptação deles à realidade local”.
Festividades
Junto com representantes dos cantões de Friburgo e Jura, a prefeitura de Nova Friburgo vai inaugurar monumento alusivo aos 200 anos, além da reforma do teatro da queijaria-escola. A programação inclui shows, exposições, exibição de filmes e um desfile cívico, no dia 16 de maio, dia do aniversário da cidade, na Avenida Alberto Braune. Cento e cinquenta e duas delegações participarão do desfile, totalizando em torno de 10 mil pessoas.
“É uma forma lúdica de contar como se deu a chegada dos suíços e das colônias porque nós somos, na verdade, além da Suíça, mais nove colônias de imigrantes”, disse o prefeito, Renato Bravo. Participam dos eventos também descendentes das colônias libanesa, japonesa, espanhola e húngara.
Os eventos comemorativos começam neste sábado (12) e se estenderão até o dia 31 de dezembro.
Parceria
O Brasil é o maior parceiro comercial da Suíça na América Latina, com um volume de negócios entre as duas economias equivalente a R$ 12 bilhões.
Produtos da indústria farmacêutica e da indústria química estão no topo das exportações suíças para o Brasil, enquanto metais, pedras preciosas e agrícolas são os produtos brasileiros mais importados pela Suíça. Cerca de 370 empresas suíças atuam no Brasil e geram mais de 60 mil empregos diretos.
Até a década de 1920, o Brasil foi o destino preferido de muitos suíços, que se espalharam também por fazendas de café do Oeste Paulista, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Hoje, o Brasil abriga a maior comunidade suíça da América Latina, com cerca de 15 mil suíços. A presença de brasileiros na Suíça é maior, com cerca de 20 mil pessoas.
Acordos
Recentemente, importantes acordos têm dado dinamismo às relações bilaterais, como o que põe fim à dupla tributação de empresas suíças que atuam no Brasil e vice-versa. Também estão em andamento negociações para um acordo de livre comércio entre a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e o Mercosul, blocos econômicos dos quais fazem parte os dois países. Nas áreas de pesquisa e inovação, um novo plano de ações foi firmado para garantir intercâmbio de pesquisadores e apoio a instituições e programas de pesquisa.
Fonte: Agência Brasil