Os cuidados na hora de praticar o crossfit

Esporte caracterizado por movimentos funcionais variados, com alta intensidade, o crossfit vem ganhado adeptos no mundo todo. Seja para conquistar um corpo atlético de maneira mais rápida ou para fugir da monotonia de outros exercícios acadêmicos, a sua preferência é cada vez maior entre os alunos. Essa popularidade traz consigo a fama ou o mito de que a prática pode ser perigosa para a saúde, por conta do número de lesões entre os participantes. Mas, será que realmente isso é verdade?

Um estudo publicado na revista especializada The Journal of Strength & Conditioning Research, do Reino Unido, comparou a modalidade com outros esportes, como o futebol, judô, vôlei e chegou à seguinte conclusão: A cada mil horas de treino, 3,1 das pessoas se lesionam. No futebol, o percentual é de 7,6, enquanto que no judô, 16,3. Outra pesquisa, realizada por um grupo de brasileiros, constatou que a quantidade de pessoas que já se machucaram em decorrência do crossfit é de 31%. Já no futebol, paixão nacional, esse número praticamente dobra, chegando a 61%.

“O crossfit é uma atividade que está na moda. São várias as unidades que oferecem e ele teve um crescimento altíssimo. Com isso, as pessoas começaram a dizer que ele machuca, mas isso é uma verdade parcial. As pesquisas mostram que a prática é responsável pela lesão de 3,1 pessoas em cada mil praticantes. Comparado ao futebol e ao vôlei, não é quase nada. São mais de 13 mil boxes afiliados à marca no mundo e vamos imaginar que cada um tem 200 alunos matriculados. Porém, como está em evidência, causa esse pensamento nas pessoas”, explicou o preceptor do Serviço de Cirurgia de Ombro e Cotovelo do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), José da Mota Neto.

A modalidade vem ganhado adeptos no mundo por ser um esporte caracterizado por movimentos funcionais variados e com alta intensidade. FOTO: Rafaela Frutuoso

Praticante da atividade há dois anos, o especialista reforçou que qualquer atividade de alto rendimento e que tem a presença de atletas amadores, pode causar lesões. “Quem não tem o mínimo de condicionamento atlético, está mais propenso a sofrer uma lesão, exatamente por conta das execuções dos movimentos, que requer certo nível de consciência corporal. Uma pessoa sedentária, por exemplo, não deveria praticar. Outra questão está ligada a parte cardiológica, é uma atividade de ritmo, que tem uma exigência cardiovascular metabólica muito alta, quem não tem uma avaliação cardiológica prévia pode se complicar”, destacou, afirmando que a quantidade de cargas demandadas pelo exercício não é um impedimento para a prática. “Do ponto de vista ortopédico, o crossfit demanda cargas altas, mas que os movimentos podem ser executados com um simples cano de PVC. Ele é adaptável e os resultados podem ser obtidos da mesma forma. A situação mais grave é quando o iniciante não tem avaliação prévia cardiológica ou condicionamento físico e metabólico, e isso pode causar problemas”.

De acordo com ele, o acompanhamento do profissional nos treinos é fundamental. “A lesão mais comum atinge os ombros, seguida da contusão no cotovelo e depois na coluna e joelho. Mesmo com uma orientação de alto rendimento, elas podem ocorrer pelo que chamamos de ciclos repetitivos. Logicamente que é mais comum que o amador se machuque, por não ter a consciência corporal necessária, que dificulta as coordenadas treinadas e ativa de maneira desordenada as musculaturas, provocando lesões nas articulações. O acompanhamento do profissional é importantíssimo”, disse Neto.

Apesar de o crossfit exigir auxílio profissional do início ao fim e o número de alunos por aula ser restrito a 15, justamente para possibilitar a observação de todos, o coach Vinícius Lopes afirmou que a desobediência às instruções do professor tem levado os praticantes a se lesionarem. “Existem pessoas que excedem as orientações e começam a fazer os exercícios por conta própria. Quem não tem aptidão necessária se machuca. O número de praticantes por aula já é limitado para que possamos acompanhar de perto se ele está fazendo da maneira correta e, no caso de existir uma limitação, se ela está sendo respeitada”, explicou.

A orientação para quem quer começar a praticar a modalidade é procurar um estabelecimento filiado à marca Crossfit. Essa informação pode ser encontrada no site: www.crossfit.com/. “A partir do momento que o aluno ingressa numa credenciada, ele sabe que está sendo submetido ao método correto. Outra coisa que ele deve fazer são aulas experimentais, com um profissional que vai lhe prestar maior assistência. O crossfit trabalha com movimentos intensos que podem provocar sobrecarga. Então, a técnica certa é ideal para evitar lesões”, concluiu Lopes.

 

 




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