Dia 9 de maio próximo, segue para o Haiti o segundo grupo de Missionários da Arquidiocese de Juiz de Fora, liderado pelo Padre Pierre Maurício de Almeida Cantarino, com a participação do casal de médicos, Dr. José Gabriel Timóteo Tostes e Dra. Magda Condé Tostes, e outro casal, Jésus Vieira Junior e Rosana Samguin Vieira. Lá permanecerão por dez dias, oferendo ajuda religiosa e humanitária àquele povo que já faz parte de nossas vidas.
Desde que assumimos a Arquidiocese de Juiz de Fora, há nove anos, temos envidado esforços, juntamente com o clero e os leigos, para torná-la cada vez mais missionária. Isto não é um projeto puramente pessoal, mas exigência natural e imperiosa da Igreja. Fundada por Cristo, a Igreja nasceu marcada por este caráter. A última palavra de Cristo aos seus Apóstolos, segundo o evangelista Mateus, foi esta: “Ide por todas as nações fazer discípulos meus, batizai-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinai-lhes a observar tudo o que vos ensinei. Eis que estarei convosco, todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Também São Marcos o afirma com termos aproximativos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-nova a toda criatura” (Mc 16, 15). Lucas, falando da missão dos Apóstolos, traduz a ação de Cristo, dizendo que “Ele os enviou para anunciar o Reino e curar os doentes” (Lc 9, 1-2). João, ao narrar a aparição de Jesus Ressuscitado aos onze, registrou suas palavras: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20, 21).
Com a acolhida do clero e das comunidades, celebramos juntos, por um ano e meio, o Primeiro Sínodo Arquidiocesano, escolhendo como tema eclesial: “Arquidiocese de Juiz de Fora, uma Igreja sempre em missão” e como lema bíblico: “Fazei discípulos meus” (Mt 28, 19).
Prosseguindo algumas inciativas anteriores, procuramos ampliar nossa ação missionária na Amazônia, especificamente na Diocese de Óbidos, no Pará onde hoje temos um amplo trabalho, incluindo os cuidados de uma Paróquia dirigida por dois de nossos padres arquidiocesanos, com ótimas outras iniciativas de missões temporárias.
A Jornada Mundial da Juventude de 2013, acontecida de forma maravilhosa no Rio de Janeiro, com a presença do Papa Francisco, gerou em nossa Arquidiocese nova frente missionária que foi a criação do “Projeto Arquidiocesano Jovens Missionários Continentais”.
Em 2017, impulsionados pelos apelos do Papa Francisco que recorda insistentemente o caráter missionário da Igreja, com seu bordão “Igreja em Saída”, e sua motivação a ter olhos voltados para as periferias, nossa Igreja juiz-forana quis dar mais um passo. Nossa Igreja Particular decidiu escolher o Haiti, o país mais pobre das Américas, para oferecer nossa fraterna parceria. As notícias dolorosas da situação socioeconômica daquele povo, marcado pelos sofrimentos advindos do terremoto de 2010 e do furacão de 2016, não nos deixam inertes. Para início desta missão “ad gentes”, para lá me dirigi pessoalmente com alguns jovens e um casal de adultos, em julho de 2017. Foi uma experiência marcante e desafiadora. Vimos um povo carente de tudo em Croix-des-Bouquetes, periferia de Porto Príncipe. Sentimos na pele a situação degradante do bairro Port-Jérémie, onde jovens brasileiros da Missão Belém, de São Paulo, fazem um belíssimo trabalho. Encontramos órfãos do terremoto que hoje vivem sem nenhuma referência familiar, uma vez que perderam pais, irmãos, avós, tios e padrinhos e ficaram sós. Verificamos que há pessoas que, literalmente, comem terra para não morrerem de fome. Diante destas e tantas outras realidades que desafiam nossas consciências de cristãos, não há como ficar parados. Iniciamos, com muita fé, com muito amor, com a ousadia do santo evangelho a Missão Haiti. Após aquela nossa primeira visita, foi constituída a Comissão do Projeto JF/Haiti, com reuniões periódicas, sendo registradas atas e relatório. Em diálogo frequente com os Franciscanos da Providência de Deus que lá nos acolhem e com quem fazemos parceria fraterna, estamos organizando grupos de Profissionais Continentais, Empresários Continentais, Padrinhos Missionários Continentais que ofereçam algum recurso para educação de criança haitiana e outras inciativas.
A missão continua e a satisfação de realizá-la é reconfortante.