Essa semana vamos falar sobre Santiago de Compostela, na Espanha, destino turístico e religioso, onde os dois conceitos se confundem e tiramos disso belas experiências.
Os Caminhos de Santiago – a descoberta do sepulcro do apóstolo Santiago o Maior, em princípios do século IX, gerou de imediato uma populosa corrente de peregrinação em direção a este lugar, no qual hoje está a cidade galega de Santiago de Compostela. Esta afluência acabou por formar, desde os mais diversos pontos de Europa, uma densa rede de itinerários conhecida, no seu conjunto, como o Caminho de Santiago, ou a Rota Jacobeia.
Os momentos de maior apogeu da peregrinação produziram-se nos séculos XI, XII e XIII com a concessão de determinadas indulgências espirituais. No entanto, esta corrente manteve-se, com maior ou menos intensidade, ao longo dos restantes séculos. Desde a segunda metade do século XX, o Caminho de Santiago vive um novo renascer internacional que combina o seu tradicional acervo espiritual e sociocultural com o seu poder de atração turística e como renovado lugar de encontro aberto a todo o tipo de gente e culturas.
Tradicionalmente, os períodos de maior afluência de peregrinos e visitantes no Caminho coincidem com os Anos Santos Compostelanos, que se celebram cada 6, 5, 6 e 11 anos, mas qualquer ano e momento é idôneo para realizar algum itinerário desta rota ou visitar a cidade que tem como meta: Compostela.
O Caminho de Santiago gerou ao longo dos seus doze séculos de existência uma extraordinária vitalidade espiritual, cultural e social. Devido à sua existência nasceu a primeira grande rede assistencial da Europa e foram criados mosteiros, catedrais e novos núcleos urbanos.
Pelo encontro entre pessoas de tão diversa procedência que esta rota propiciou, surgiu uma cultura baseada no intercâmbio aberto de ideias e correntes artísticas e sociais, assim como um dinamismo socioeconômicos que favoreceu, sobretudo durante a Idade Média, o desenvolvimento de diversas zonas da Europa.
A marca do Caminho e dos peregrinos a Compostela é reconhecível numa infinidade de testemunhos públicos e privados, em distintas manifestações de arte ou, por exemplo, nos mais de mil livros que nas últimas décadas se ocuparam em todo o mundo, desta senda, obra e patrimônio de todos os europeus.
As vias principais do Caminho de Santiago foram declaradas Primeiro Itinerário Cultural Europeu (1987) pelo Conselho de Europa, Bem Patrimônio da Humanidade pela UNESCO nos seus traçados ao longo da Espanha e França (1993 e 1998), respectivamente) e Prêmio Príncipe de Astúrias da Concórdia 2004, outorgado pela Fundação Príncipe de Astúrias.
A Península Ibérica formaria parte, segundo determinados textos antigos, das terras nas quais o apóstolo Santiago predicou o cristianismo. Após morrer decapitado na Palestina, por volta do ano 44 d.C., os seus discípulos, segundo a tradição, trasladaram o seu corpo numa nave até a Galiza, uma das terras hispânicas incluídas na sua predicação.
Convertida na atrativa meta de uma peregrinação que levava ao supulcro do único apóstolo de Cristo enterrado em solo europeu, juntamente com São Pedro, em Roma, à Santiago chegarão, ao longo dos séculos, peregrinos de todas as procedências e pelos mais diversos itinerários.
Devido à grande diversidade de procedências dos peregrinos, irão definindo-se sobre o solo galego seis itinerários principais de chegada de toda a Europa.
O itinerário que alcança uma maior concorrência e relevância, tanto socioeconômica, como artística e cultural, é o denominado Caminho Francês, que entra em Espanha, a partir da França, pelos montes Pirineus e na Galícia pelo mítico alto de O Cebreiro.
No entanto, outros cinco itinerários conseguiram adquirir, mesmo assim, o seu lugar na história das peregrinações Jacobeias.
São os Caminhos Primitivo e do Norte, que alcançaram relevância nos primeiros tempos de peregrinação, com dois traçados principais que entram na Galiza pelas Astúrias, procedentes do País Basco e Cantábria; o Caminho Inglês, seguido sobretudo pelos peregrinos que, partindo do norte da Europa e as Ilhas Britânicas chegavam a portos como os de La Coruña e Ferrol; o Caminho Português, que desde o sudoeste da Galiza utilizavam os peregrinos procedentes de Portugal; e o Caminho do Sudeste, pelo qual se dirigiam a Santiago os peregrinos que, desde o sul e centro da Península, seguiam a popular Via da Prata, entre Mérida e Astorga, para continuar, por terras de Ourense, em direção a Compostela.
O Caminho Francês como já dissemos antes, é o itinerário jacobeu com maior tradição histórica e o mais reconhecido internacionalmente. O seu traçado através do norte da Península Ibérica acabou definitivamente fixado em finais do século XI. As principais vias deste Caminho em França e Espanha foram descritas com precisão em 1135 no CodexCalixtinus, livro fundamental do acervo jacobeu.
O Livro V deste códice constitui um autêntico guia medieval da peregrinação a Santiago. Nele se especificam as etapas do Caminho Francês desde as terras gaulesas e se informa detalhadamente sobre os santuários do trajeto, a hospitalidade, as comidas, as fontes, os costumes locais, etc. Tudo está escrito com a síntese e clareza necessárias a uma resposta prática a um desejo concreto: a peregrinação a Santiago. Este guia evidencia o desejo político, turístico e religioso em promover o santuário compostelano e facilitar o acesso até ele.
Após ter estado na catedral, o peregrino, se dispõe já das credencias que justificam a sua peregrinação a pé, a cavalo ou de bicicleta, pode solicitar no porto do Peregrino a “compostela”, o documento que credita a sua peregrinação, concedido pelo Cabido da catedral. A partir desse momento, abre-se diante de si, em plenitude, a cidade de Santiago de Compostela.
Depois de visitar a catedral compostelana, ponto de chegada e encontro dos peregrinos ou simplesmente a visita do turista, a cidade de Santiago oferece-se em todo o seu explendor histórico, em toda a sua diversidade e dinamismo presentes.
A atual cidade de Santiago de Compostela nasce como um pequeno núcleo de monges custódios em torno do sepulcro do Apóstolo no momento da sua descoberta, por volta do ano de 820. O desenvolvimento da cidade na Idade Média é espetacular, graças ao auge europeu das peregrinações, que a converte, com Jerusalém e Roma, num dos três grandes centros da Cristandade.
Desde os séculos XV ao XIX a cidade alterna momentos de dinamismo e de certa decadência, ao compasso dos vaivens da história galega, espanhola e europeia. As peregrinações perdem peso, mas Santiago consolida-se como centro cultural, com a criação da Universidade, e mantém a sua influência religiosa, o que se reflete na sua renovação urbana renascentista e barroca, tão presente e palpitante nos mais relevantes edifícios históricos da cidade.
Santiago vive desde a segunda metade do século XX, um contínuo período de expansão. Ao progressivo renascimento das peregrinações, que mantêm o seu significado espiritual tradicional, acrescenta-se o singular e incomparável atrativo turístico e cultural do Caminho de Santiago.
Nos últimos anos, a cidade galega, dotou-se de grande infraestrutura cultural e turística e consolidou a sua projeção internacional como centro histórico-cultural e europeia, algo que confirmam diariamente os milhares de peregrinos e turistas que em qualquer época do ano, a visitam.
Uma das características mais referidas do Caminho e da cidade é a hospitalidade. Desde o início das peregrinações jacobeias, instituições e entidade religiosas, políticas e sociais, e muitíssimas pessoas anônimas, fizeram da atenção ao peregrino e ao visitante, o principal objetivo.
Para os peregrinos existe uma rede pública de albergues, repartida por todos os itinerários e em vários casos em edifícios de grande valor histórico. A utilização dessa rede é gratuita e está regulada por uma normativa que os destina aos peregrinos que realizam o Caminho a pé, e secundariamente aos que o fazem a cavalo e em bicicleta. Não se realiza nenhum tipo de reserva, as vagas são cobertas estritamente pela ordem de chegada e é por uma noite apenas.
Mas a cidade possui também uma rede hoteleira para atender aos turistas, bons restaurantes e bares. Nos últimos anos também tem aparecido, na cidade e ao longo das distintas rotas, uma moderna e variada rede de hotéis e casas de turismo rural que diversificam os serviços e atrativos do Caminho.
DICAS DE VIAGEM
– É mais barato voar durante a semana?
O que vale é a lei da oferta e da procura. Segundo a Latam, os voos com maior disponibilidade e, portanto, mais baratos são os das terças e das quartas-feiras. A mesma lógica vale para os horários: os que saem no meio do dia ou de madrugada são mais em conta. Já os trechos a destinos fortes em negócios, como São Paulo e Brasília, são mais acessíveis no fim de semana, assim como as hospedagens.
– Tenho como saber se meu voo está confirmado?
Existem aplicativos que monitora status de voos no planeta todo, trazendo informações como a duração da viagem e o mapa com a rota. Para acompanhar os trechos domésticos brasileiros, o app Infraero Voos Online, funciona bem.