Mudanças nas cadeiras do município geram novo panorama político

Após se reunir com sua equipe de governo e anunciar a renúncia à Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (MDB) informou nessa última sexta-feira, 6, a intenção de concorrer a uma vaga para Senador nas eleições que ocorrem nesse ano. A informação foi confirmada através de uma coletiva de imprensa na sede municipal do Partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), no bairro Poço Rico.

A lei eleitoral prevê um prazo limite para que políticos que ocupam algum cargo e queiram concorrer durante uma nova eleição, afastem-se de suas funções para tal. Neste ano, esse processo, que é conhecido como desincompatibilização teve como prazo limite o último sábado, 7.

Bruno Siqueira agora parte para pré-campanhas internas dentro do partido MDB a fim de lutar por uma vaga para concorrer ao cargo no Senado. Assembléias do partido estão marcadas para os próximos meses. “Vamos lutar dentro do partido pela vaga e caso consigamos, vamos trabalhar e mostrar todos os nossos projetos para população de Minas Gerais, para que ela decida quem irá representar o povo mineiro no Senado. Comuniquei ao presidente estadual do partido Antônio Andrade que tem toda ciência desse projeto para que possamos batalhar e lutar para poder fazer com que Minas tenha nos próximos anos uma representatividade maior no Senado Federal” enfatizou.

Na mesma manhã em que anunciou a intenção de concorrer ao Senado, Bruno Siqueira entregou a carta de renúncia em uma cerimônia no Teatro Paschoal Carlos Magno. Na tarde da sexta-feira, 6, na Câmara Municipal, o até então vice-prefeito, Antônio Almas (PSDB) foi empossado como novo Prefeito de Juiz de Fora. A partir desta data ele assume o poder executivo da cidade e segue no mandato até dia 31 de dezembro de 2020.

O ex-presidente Itamar Franco foi relembrado e enaltecido por Bruno durante a coletiva por ter sido um grande político para o estado de Minas Gerais e para o país. “Nesse momento em que tomei essa decisão é evidente relembrar do histórico de uma pessoa que sempre admirei muito, uma pessoa que me levou para a política, que foi Itamar Franco” disse emocionado. “Em 1974 ele saiu da prefeitura de Juiz de Fora exatamente no mesmo período que estou agora, com cinco anos e alguns meses de mandato, para poder disputar uma cadeira no Senado e honrar nosso estado”.

PRÓXIMOS DESAFIOS

Em relação aos próximos desafios após deixar a PJF, Bruno foi otimista e reforçou ter experiência suficiente para tal. “É algo natural e democrático lutar por uma vaga dentro do partido para disputar o Senado, como farei nesse ano. Existe uma pré-campanha onde se debate e discute a viabilidade dentro do partido para a candidatura. Caso consiga essa vaga, o próximo desafio será mostrar nossos projetos para a população de Minas Gerais”.

A confiança em pleitear a vaga venha talvez dos números referentes a avaliação final de seu governo no final de 2016 e que ele fez questão de destacar durante seu discurso. Bruno ainda não definiu nenhuma outra opção, caso não consiga alcançar a vaga para concorrer ao Senado dentro do partido. Ele reforçou, porém, que “está focado na candidatura ao Senado. Nós vamos mostrara para população mineira, o conceito da eficiência e transparência fundamental nos dias de hoje”.

AUTOAVALIAÇÃO

Bruno Siqueira fez uma retrospectiva do processo para chegar a ser candidato para prefeitura. “Desde 2012 iniciamos um projeto de governo para cidade de Juiz de Fora. Quando começamos a caminhada dentro do então PMDB, tínhamos grande dificuldade dentro do partido para viabilizarmos uma candidatura dentro da cidade. “Muitos achavam que não íamos viabilizar em função de um partido que era comandado por um grupo do nosso ex-prefeito que eu respeito muito, Tarcisio Delgado, entretanto, mesmo com aquelas dificuldades, vencemos uma convenção democraticamente e viabilizamos uma candidatura” relembrou Siqueira.

Ele destacou que a candidatura começou com baixo percentual de intenção de voto, mas que com o tempo cresceu, conseguiu alcançar o segundo turno e posteriormente vencer a eleição.

O ex-prefeito fez uma avaliação do tempo que atuou à frente da Prefeitura de Juiz de Fora, destacando as obras realizadas durante a sua gestão. “Nós conseguimos realizar grandes obras, grandes projetos, grandes melhorias. Nós temos um projeto de governo, não um projeto de poder”.

Em sua fala destacou as principais obras e projetos realizados durante os cinco anos e quatro meses que ficou à frente do executivo municipal. Pontuou como principais, a construção de seis creches; duas escolas; diversas encostas; 100 residências para famílias em situação de risco; reformas da unidade básica da saúde e construção de duas novas; escolas reformadas; construção da Praça Céu; reformas no estádio municipal; obras no prédio de vigilância e saúde; reforma do canil; construção do gatil; castramóvel; criação do parcão; reabertura parcial do Museu Mariano Procópio; inauguração do Teatro Paschoal Carlos Magno; obras de abastecimento de água; estação de tratamento de água; licitação de ônibus; melhorias nos serviços de táxis; instalação de wi-fi gratuito em espaços públicos; transparência em projetos e atos da prefeitura e manutenção dos salários dos servidores municipais em dia.

Uma autoavaliação do próprio partido também foi realizada por Bruno. “Eu saio da prefeitura para dentro do partido que era o PMDB e agora é o MDB. O partido que trocou o nome, mas precisa trocar principalmente em nível federal, sua filosofia e sua forma de agir. Os conceitos de ética e transparência precisam estar presentes no MDB” concluiu.

CRÍTICAS AO GOVERNO DILMA

Críticas ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores (PT) também não faltaram durante a coletiva da última sexta-feira. Bruno atribuiu à ex-presidente muitos dos atuais problemas na economia e na política, das cidades, estados e do país. “Na primeira gestão eu e o vice Sérgio Rodrigues, juntamente com os servidores da prefeitura, enfrentamos um cenário de grande adversidade no país, ocasionado pelo desastre administrativo da então presidente Dilma Rousseff. Ela foi responsável pelo caos nas cidades brasileiras, responsável pelo caos no estado de Minas Gerais, pela quebra da Petrobras e consequentemente o valor acentuado dos combustíveis hoje” destacou.

Dilma por sua vez poderá concorrer a uma vaga para o Senado por Minas Gerais. Na sexta-feira, ela esteve em Belo Horizonte a fim de transferir seu título de eleitor, entretanto, ainda não há confirmação oficial de sua candidatura.

Questionado sobre possíveis coligações entre MDB e o PT, Bruno relatou ficar assustado. “Eu fico surpreso quando a gente vê o PT criticando tanto o MDB e aqui em Minas tentar buscar essa aliança, que por sua vez, precisa ser discutida e debatida internamente no partido. Me assusta essa coligação. Mas reforço que há hoje, publicamente, um consenso do MDB em buscar uma candidatura própria, inclusive isso foi o determinado na última reunião”.

ANÁLISE DO GOVERNO TEMER

Depois de duras críticas ao que chamou de “desgoverno” da petista, Bruno analisou o atual governo de Michel Temer, que também é do MDB. “O governo de Michel Temer tem muitos problemas. A gente verifica que é um governo que se iniciou com vários ministros que hoje não estão mais (em seus cargos) devido a problemas éticos. Entretanto, evidentemente que tivemos avanços principalmente na área da economia, uma queda acentuada da inflação e retomada do crescimento”.

De acordo com avaliação de Siqueira o trabalho de Temer vai proporcionar ao próximo presidente da república “uma situação muito melhor do que o presidente herdou de Dilma, com uma inflação enorme, uma queda no PIB e uma crise política imensa” finalizou.

PROJETOS COMO SENADOR

Também foram apresentados por Bruno algumas perspectivas e projetos caso venha ser eleito Senador. “Em Minas hoje temos atrasos no salário de servidores e o não repasse de recursos para a Prefeitura, recursos esses muito importantes para saúde e educação” exemplificou.

Bruno citou principalmente o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) que são recolhidos e mais tarde repassados aos cofres públicos município. “Precisamos que os recursos cheguem às cidades, muitas vezes eles ficam concentrados em Brasília, nos estados, mas não chegam aos municípios. Algumas políticas definidas por Brasília, impedindo que os recursos cheguem às populações. Esses desafios que vou buscar melhorar nas cidades mineiras. O ICMS no final do ano e o IPVA ainda não retornaram e consequentemente estamos tomando medidas judiciais para que possam chegar aos cofres da prefeitura.”

NOVO PREFEITO

O médico nefrologista Antônio Carlos Guedes Almas, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) tomou posse como novo prefeito de Juiz de Fora em sessão solene que ocorreu na tarde da sexta-feira, 6, na Câmara Municipal de Vereadores. Ele é o 23º prefeito da cidade.

Antônio Almas, até então vice-prefeito de Bruno Siqueira, agora é o responsável pelo poder executivo da cidade e segue no mandato até dia 31 de dezembro de 2020. Ele tem 60 anos, foi vereador na cidade em dois mandatos, de 1993 a 1996 e de 1997 a 2000. O médico já se candidatou ao cargo de vice-prefeito em 2004, ao lado do ex-prefeito Custódio Mattos (PSDB), mas não foi eleito na época.

Segundo Siqueira o trabalho do novo prefeito estará atrelado ao projeto inicial da chapa. “Nosso governo vai continuar trabalhando pela cidade junto com o grupo atual a fim de seguir com o projeto proposto”. Ele também destacou a figura de Antônio Almas colocando-o como “uma pessoa muito transparente, ética, honesta, correta, um médico de grande credibilidade na cidade e por já ter sido vereador e vice-prefeito, tem toda capacidade para dar continuidade e liderar a prefeitura”.

Quanto ao caixa que deixa para a próxima gestão, Bruno reforçou que acredita em decisões favoráveis nos processos judiciais que buscam trazer os recursos do ICMS e IPVA para os cofres da cidade. De acordo com ele, a PJF tem aproximadamente 20 milhões em recursos para receber.




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