Funcionários dos Correios de Juiz de Fora e de mais 122 municípios da região entram em greve a partir desta segunda-feira, 12. A motivação da paralisação das atividades é a mudança nas regras do plano de saúde dos trabalhadores. “A nossa base é formada por cerca de 1.350 trabalhadores na zona da Mata e Vertentes. A gente espera que o maior número [de funcionários] venha aderir ao movimento”, ressaltou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicação Postal, Telegráfica e Similares de Juiz de Fora e Região (Sintect/JFA), João Ricardo Guedes.
Conforme o sindicalista, a greve é por tempo indeterminado e, no momento, tem o foco nas questões relacionadas ao plano de saúde. “O plano de saúde sempre foi viabilizado de maneira que a empresa paga a maior parte, 93%, e o trabalhador 7%. E agora, a ideia é que a gente pague uma mensalidade e vai ficar difícil de bancar”, esclareceu.
Guedes explicou que a categoria será divida entre faixas salariais, que terá um valor máximo para ser comprado do trabalhador de cada grupo. “Quem ganha menos vai estar pagando para aqueles que recebem mais. Por exemplo, um funcionário que recebe R$20 mil e tem a mensalidade do plano de R$1.500. Dele, será cobrado apenas o teto, R$871, e os demais trabalhadores da faixa, que recebem menos, pagaram o mesmo. Não há uma proporcionalidade justa, já que quem recebe mais tem como arcar com a valor”, pontuou.
Além disso, a empresa quer excluir os pais dos funcionários, que utilizam o plano. Hoje, pais e mães de trabalhadores que tenham mais de 55 anos e recebem menos que 1,2 salário mínimo têm o direito a utilizar o benefício. O novo acordo também prevê o aumento do valor pago pelos trabalhadores quando o plano for utilizado e também o aumento das taxas de utilização do plano por familiares.
“A empresa não está cumprindo com que foi acertado no nosso acordo coletivo, por determinação do TST [Tribunal Superior do Trabalho]. As cláusulas sociais e os benefícios são válidos até 2019 e, por isso, o plano de saúde não poderia ser modificado. Agora, o próprio TST julga uma ação sobre algo que ele já tinha determinado”, ressaltou o sindicalista.
Os trabalhadores vão se reunir na manhã desta segunda em frente ao prédio principal dos Correios na cidade, situado na Rua Espírito Santo. “Vamos nos reunir a partir das 7h nas portas das unidades e esclarecer aos demais trabalhadores a nossa luta”, frisou Guedes, que também afirmou que alguns serviços dos Correios podem ser afetados com a paralisação.
Além da reivindicação da manutenção do plano de saúde da forma acertada no último acordo coletivo, os trabalhadores devem se manifestar também contra a suspensão das férias e a ameaça da privatização da empresa. Vale lembrar que o efetivo obrigatório de 30% dos funcionários continuará trabalhando durante a greve.
AGUARDANDO DECISÃO JUDICIAL
Em nota, os Correios afirmou que o plano de saúde, principal pauta da paralisação anunciada pelos trabalhadores, foi discutido exaustivamente com as representações dos trabalhadores, tanto no âmbito administrativo quanto em mediação pelo Tribunal Superior do Trabalho.
“Após diversas tentativas de acordo sem sucesso, a forma de custeio do plano de saúde dos Correios segue, agora, para julgamento pelo TST. A empresa aguarda uma decisão conclusiva por parte daquele tribunal para tomar as medidas necessárias, mas ressalta que já não consegue sustentar as condições do plano, concedidas no auge do monopólio, quando os Correios tinham capacidade financeira para arcar com esses custos”, afirmou.
Em relação às férias, a empresa disse que elas não foram suspensas e que a concessão das mesmas está autorizada dentro do prazo correspondente a 90 dias antes da data de vencimento do período concessivo de cada empregado. “A medida é parte das ações imediatas de contingência orçamentária em curso na empresa que visam recuperar o seu equilíbrio financeiro”, esclareceu a nota.
Sobre a possibilidade da privatização dos Correios, o comunicado diz que a direção da empresa trabalha para recuperar e fortalecer a mesma. “Para isso, estão sendo adotadas medidas que visam a sustentabilidade da estatal. O equilíbrio financeiro da empresa está sendo buscado por meio de ações como a otimização da gestão, o controle de despesas, a revisão de contratos, a adoção de uma nova política comercial, que permite maior participação dos Correios no segmento de encomendas, e a redução de custos com pessoal e encargos sociais”, ponderou.
No final do comunicado, a estatal ressaltou que a greve é um direito do trabalhador. No entanto, um movimento dessa natureza, neste momento, “serve apenas para agravar ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios e afeta não apenas a empresa, mas também os próprios empregados”, finalizou.