Celebrando a Campanha da Fraternidade do corrente ano, cujo tema é Fraternidade e superação da violência, com o lema “Vós Sois todos irmãos (Mt 23,8), proponho seguirmos os passos de Jesus no caminho do Calvário do seguinte modo:
1ª. Estação: Jesus é condenado à morte. Pilatos lava suas mãos. A corrupção política que o Brasil e outros países vivem é assustadora. Não se pode mais confiar nem na esquerda, nem no centro e nem na direita. Da mesma forma que o inocente Jesus ficou sem chão, sem poder onde recorrer, mesmo sendo inocente, nosso povo se encontra à deriva. Está, como Cristo, de mãos atadas, sem voz e sem vez.
2ª. Estação: Jesus recebe a cruz. Terá que carregar seu patíbulo como se fosse um criminoso. Pesada cruz pesa sobre nós com ideologias políticas destruidoras das forças morais e sociais. Na Venezuela, o povo que, até há pouco, vivia de forma confortável em geral, hoje não tem comida, nem remédio, nem casa nem nada do necessário. Só tem o direito de pôr sua pesada cruz às costas e pôr-se a caminho na fé e na esperança, migrando para países vizinhos.
3ª. Estação: Jesus cai pela primeira vez. O hediondo crime do tráfego de drogas derruba no abismo da destruição moral e física grande parte dos jovens, com consequências drásticas nas famílias. Estão no chão. Com a cara no chão. Com o corpo cada vez mais debilitado caído por terra. O peso da iniquidade dos produtores de cocaína, crack, ecstasy, maconha e outros narcóticos derruba por terra quem já se cansou da vida.
4ª. Estação: Jesus encontra sua mãe. Seu olhar materno e seu rosto em lágrimas, o comovem e o auxiliam a prosseguir a via do calvário. Quantas famílias estão desamparadas? Quantos jovens precisam ser reerguidos pelo amor materno. Assim como os guardas naturalmente queriam afastar Maria, muitas seitas proselitistas, muitas ideologias falaciosas, como a Ideologia de Gênero, funcionando hoje como ações destruidoras dos valores inalienáveis da família, menosprezadoras da dignidade própria das mães. Obrigado, Senhor, pela presença de minha mãe, Maria Teresa, no meu caminhar vocacional, sem interferir, mas sempre orando na força da esperança.
5ª.Estação: Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz. Neste mundo de indiferentes, de individualistas, de ganância e de egoísmo, a figura do Cirineu nos ajuda a vencer a violência branca do descuido dos irmãos, da falta de sensibilidade para com os que sofrem. É necessário criar a cultura da solidariedade, da cordialidade, da capacidade de ajudar o irmão que padece fome, sede ou que esteja desempregado. Deus nos liberte do comodismo.
6ª.Estação: Verônica enxuga o rosto de Cristo. O mundo de hoje tem que pedir perdão pelo ausentíssimo de socorro nos momentos difíceis dos vizinhos, e dos que estão longe. Para ver o rosto de Cristo estampado em nossa toalha, é necessário que antes nos disponhamos a oferecer de nossos panos para enxugar o suor e as lágrimas dos irmãos sofredores, por exemplo nos corredores superlotados de nossos hospitais.
7ª. Estação: Segunda queda de Jesus. Vendo o Senhor da bondade e da esperança, das dores e das angústias prostrado ao chão, não deixemos de visualizar tantas pessoas caídas nas prisões superlotadas, inóspitas e desumanas.
Continuaremos a rezar semana que vem.
Dom Gil Antônio Moreira – Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora