A fome, o sobrepeso e a obesidade, a pobreza rural, as ameaças à agricultura pelas mudanças climáticas e a piora nas condições do meio ambiente são problemas que acometem a região da América Latina e Caribe. Para debater como superar esses desafios, representantes de governos de 33 países, além de integrantes do setor privado e da sociedade civil, reúnem-se na Jamaica, desde segunda-feira, 5, na 35ª edição da Conferência Regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). O evento vai até quinta-feira, 8.
O objetivo do encontro é discutir os obstáculos que impedem as pessoas da região de ter uma alimentação adequada e diversa, produzida a partir de sistemas agrícolas justos e em uma relação sustentável com o meio ambiente, promovendo a segurança alimentar e a alimentação como um direito humano.
FOME E OBESIDADE
Uma preocupação central da Conferência será o combate à fome, uma das metas definidas como Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a FAO, depois de décadas o problema voltou a crescer na região. Entre 2015 e 2016, mais 2,4 milhões de pessoas entraram nessa situação, totalizando 42,5 milhões de cidadãos sem alimentação adequada.
Ao mesmo tempo, a obesidade e o sobrepeso também cresceram. Na abertura do evento, o oficial de Segurança Alimentar da FAO, Ricardo Rapallo, chamou a atenção para esse quadro. “O sobrepeso e a obesidade aumentam na América Latina e Caribe. Do total, 24 países da região apresentam taxas maiores que 20% de sua população”, afirmou.
A declaração, assim como a de outros representantes da FAO, foi reproduzida nas contas oficiais da FAO e do evento no Twitter.
POBREZA
Benjamin Davis, oficial do Programa Estratégico de Redução da Pobreza da FAO, destacou a importância de atacar o problema da pobreza rural, que atinge quase metade das pessoas nessas áreas de acordo com a FAO. “Para diminuir a pobreza rural, é necessário inovar nas políticas públicas, revitalizar territórios rurais, renovar estratégias de Desenvolvimento Rural e reduzir assimetrias”, defendeu.
Uma das iniciativas de promoção da segurança alimentar que está sendo analisada na reunião é a garantia de alimentação a alunos por meio de programas governamentais. Julio Berdegué, representante regional da FAO para as Américas, destacou a disseminação dessas medidas assegurando, ao mesmo tempo, a promoção da produção pela agricultura familiar.
“Conseguimos estabelecer programas de Alimentação Escolar em 100% dos países da região; e em um terço deles estes programas adquirem parte dos alimentos da Agricultura Familiar”, pontuou Berdegué.
O evento também discute o uso de recursos naturais, como é o caso da água. Jorge Meza, oficial de Florestas da FAO, alertou para os prejuízos do desperdício lembrando que dos cerca de 70% de consumo de água empregados na agricultura quase a metade (45%) é desperdiçada.
BRASIL
Durante a reunião, o governo brasileiro vai apresentar as ações realizadas por diversos ministérios em relação ao tema. Uma das agendas a ser reforçada será a da agricultura familiar.
“A agricultura familiar é o público mais numeroso no meio rural em todos os países da região. É a que produz a maior parte dos alimentos consumidos em todos os países e, na verdade, a missão é dizer para a FAO continuar trabalhando para desenvolver políticas para o meio rural, como a política de crédito, de assistência técnica e extensão rural, crédito e regularização fundiária”, diz o secretário especial da Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, Jefferson Coriteac.
Na sessão de abertura, o Brasil foi elogiado pelo representante da FAO para as Américas, Julio Berdegue, como um dos países que têm contribuído em projetos de cooperação Sul-Sul, juntamente com México e Venezuela.
Fonte: Agência Brasil