Um pobre rapaz desempregado encostou-se na amurada de uma ponte, pensando se iria sobreviver. À margem do rio, ao pé da ponte, estava um ancião pescando. O rapaz ficou contemplando-o sem muito interesse; nisso, o ancião fisgou um peixe. Então o rapaz olhou para o cesto e percebeu que o ancião tinha pescado bastante; o cesto estava cheio de peixes, com escamas brilhando ao Sol. O rapaz desceu a ribanceira, aproximou-se de ancião, espiou o cesto e, soltando um suspiro, murmurou: “Se tivesse todos esses peixes, eu os venderia e, com o dinheiro obtido, poderia comprar pão e pagar hospedagem”. Ouvindo o murrnúrio do rapaz, o ancião virou-se e disse:
– Quer esses peixes? Posso dá-los, se fizer um trabaIhinho para mim.
– Que trabalho?
– Preciso ausentar-me um pouco. Poderia ficar segurando a vara enquanto isso?
– Se é só isso, posso fazer. Deixe comigo.
O rapaz tomou o lugar do pescador à margem do rio; o tempo passou, e o ancião demorava a voltar. Ficou interessado e começou a se empenhar na pescaria, com grande entusiasmo. Pescou tanto que os peixes quase transbordavam do cesto. Nisso, o ancião voltou e disse:
– Muito bem, muito bem! Pescou bastante, hein? Os que você fisgou são seus; leve-os. Deus ajuda os que procuram ajudar a si mesmos. Entendeu? Não adianta ficar apenas vendo o êxito dos outros. É preciso empenhar-se em algo, começando por aquilo que está à mão.
Analisando esse episódio, o leitor deve reconhecer que o ensinamento do ancião se aplica também à solução da crise moral e econômica que o Japão enfrenta atualmente. Se ficarmos contando com a ajuda exterior como nos tempos caóticos do pós-guerra, o espirito de autonomia do Japão acabará desaparecendo.
O que ergue uma nação é o espírito de perseverança e boa vontade do povo. Se o Povo deixar-se dominar pelo pensamento de fomentar lutas internas com o objetivo de ganhar mais trabalhando menos, a nação enfraquecerá cada vez mais e não progredirá. Podemos citar como exemplo as greves realizadas nas minas de carvão da Mitsui, que têm causado prejuízos de bilhões de ienes. A solução deste problema não depende apenas da empresa empregadora. Os produtos japoneses, com exceção de objetos pequenos como transistores, são caros em relação aos preços internacionais, porque o carvão mineral, combustível básico da indústria, é caro. No entanto, o movimento dos operários é contra a racionalização da indústria: visando apenas a sua própria melhoria salarial, sem levar em conta o inter-relacionamento da produção e o balanço comercial, acaba aumentando o custo da produção, de modo que os manufaturados japoneses encarecem, acarretando a inflação, e a exportação corre risco de entrar em colapso. Como os preços do carvão mineral não baixam, os industriais são obrigados a procurar outra fonte de energia e, para tanto, muitos estão introduzindo modificações em suas instalações. Mas os donos de pequenas e médias empresas não têm tais facilidades e sofrem os reveses das paralisações do operariado. Se a economia do país entrar em crise, todos sofrerão as consequências – principalmente as pequenas e médias empresas que trabalham para as grandes indústrias, pois ficarão sem trabalho.
Infelizmente, são poucos os grevistas que têm cons-ciência de que muitas vezes a greve de uma grande empresa acaba levando os familiares dos pequenos e médios empresários a situações ainda mais precárias. Mesmo que consigam aumento de salário através da greve, este não representa progresso, pois não é consequência de aumento de produção; significa apenas que o dinheiro mudou de dono.




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