O Centro Mais Vida, programa administrado pela Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes) há nove anos, não vai fechar as portas. A informação foi divulgada pelo superintendente Regional de Saúde Oleg Abramov, na tarde dessa quarta-feira, 28, durante audiência pública na Câmara Municipal. Segundo o Superintendente, pendências em convênios atrasam o início do pagamento da dívida do estado com a unidade, que gira em torno de R$5 milhões e estava previsto para até o fim de fevereiro.
Há informação já havia sido apurada pela reportagem durante o começo desta semana. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que disponibilizou R$600 mil para pagamento de uma das parcelas em atraso, mas a conta da instituição foi bloqueada devido às pendências nas prestações de contas de convênios com o estado, o que impossibilitou o depósito do dinheiro. A expectativa da Acispes é que o entrave seja resolvido até o fim da primeira quinzena de março.
Com as portas fechadas desde o dia 8 deste mês, o centro voltou a receber pacientes na última segunda-feira, 26, após o governador Fernando Pimentel (PT) sinalizar para a direção da unidade que começaria a quitar a dívida. Em carta aberta divulgada no dia 19 deste mês, a Acispes confirmou que o seu presidente Ormeu Rabello Filho, se reuniu com o parlamentar do PT para tratar o assunto. Durante o encontro realizado no último dia 15, ficou definido o pagamento de R$1.226.394,88 correspondentes ao último quadrimestre de 2016, em duas parcelas iguais de R$613.197,44. A primeira parcela estava prevista para ser quitada ainda em fevereiro e a segunda na primeira quinzena de março.
A unidade já não recebeia os repasses do estado há um ano e meio. O centro vinha sendo custeado com recursos das 26 prefeituras consorciadas com a Acispes. A situação mobilizou os prefeitos a se reunirem e, durante assembleia realizada em janeiro, eles decidiram paralisar o programa até que o débito fosse regularizado. Como justificativa ao não pagamento da verba, à época, a SES-MG afirmou que o crescente déficit financeiro do estado refletiu em várias áreas, como a da saúde. O Governo, inclusive, decretou situação de calamidade financeira em dezembro de 2016.
MEDO DE PORTAS FECHADAS MOBILIZOU IDOSOS
Dezenas de idosos compareceram à Câmara para manifestar apoio à continuidade do serviço. A notícia de que o atendimento seria suspenso causou medo no aposentado Sebastião Alves da Silva, de 80 anos. “Precisamos entrar nessa batalha. Sabemos que o sofrimento do pobre que também é velho é muito grande. A saúde já está fragilizada. O idoso já sofre com a falta de políticas destinadas a ele, e ficar sem esse atendimento, que é de qualidade, oferece todos os cuidados necessários para o nosso bem-estar e é gratuito, é muito difícil”, disse.
A vereadora Ana Rossignoli (PMDB) também ressaltou a importância do centro. “Não podemos permitir que os idosos percam o atendimento que é prestado pelo programa”, reforçou.
O vereador e presidente da Comissão de Saúde Pública e Bem-Estar Social da Câmara Kenedy Ribeiro (PMDB) defendeu a manutenção do serviço. “Está em nossas mãos. Sabemos que o governo prometeu o repasse de 2016, mas ainda falta o valor referente 2017. Por isso, nos reunimos para garantir que o centro continue com as portas abertas”, disse.
O CENTRO MAIS VIDA
Por exigência da SES-MG, o Centro Mais Vida, que funciona na sede da Acispes, situada no bairro São Mateus, região central, desde 2008, realiza cerca de 600 atendimentos mensais, provenientes dos 94 municípios que fazem parte da macrorregião Sudeste. Ao longo dos quase 10 anos, mais de 70 mil idosos foram atendidos.
O paciente passa por avaliação realizada por uma equipe composta por profissionais de diversas áreas, como médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, fonoaudiólogos, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. Através do laudo médico, é elaborado o plano de cuidados do idoso, que aponta os principais problemas de saúde do paciente e as sugestões de tratamentos e utilização de medicamentos, facilitando o atendimento do paciente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de seu município.