Na meia-noite desse sábado, 17, chegou ao fim o horário de verão. Os relógios devem ser atrasados em uma hora. Embora essa medida ocorra, anualmente, desde 1985, algumas pessoas apresentam dificuldades em se acostumar com a mudança. Sintomas de cansaço, irritabilidade e insônia são alguns dos desconfortos que, geralmente, ocorrem na primeira semana após a troca de horário. A reportagem do Diário Regional conversou com o neurologista Leandro Cruz para saber o motivo dessas sensações, a fim de ajudar você a minimizar os efeitos do fim do horário de verão.
De acordo com o especialista, o nosso organismo tem o ciclo circadiano que comanda o ritmo do sono e da vigília. “Temos mais facilidade de dormir e acordar no mesmo horário. Estabelecer uma rotina durante esse ciclo é fundamental. Quando há essa alteração de uma hora para mais ou para menos, cerca de 10% a 20 % dos indivíduos não se adaptam ao novo horário. A maioria irá passar todo o período se sentido cansado e desconfortável”, explica. “Para as pessoas que não se adaptaram ao horário de verão, por exemplo, voltar ao anterior e quase que um alívio. Já para os que se adaptam facilmente, que é o caso da grande maioria, e algo normal. Existem dois grupos: o das pessoas que se adaptam rápido, e os dos indivíduos que sofrem de 15 a 20 dias para estar com suas funções fisiológicas adaptadas”, acrescenta.
Segundo ele, insônia, sonolência diurna e cansaço são alguns dos sintomas que podem indicar essa dificuldade de adaptação. “O mais comum é o cansaço diurno. A falta de energia pode trazer dificuldades para realizar tarefas básicas do cotidiano, e, consequentemente, pode causar irritabilidade e até insônia. Uma vez que o indivíduo está acostumado a dormir em determinado horário, com a chegada do novo, ele pode demorar a pegar no sono e ter dificuldade em acordar no horário certo no dia seguinte”, lembra.
Cruz explica que crianças e idosos têm mais dificuldades em se adaptar. “Os idosos com certeza. Já as crianças têm um pouco mais de flexibilidade para se adaptar de forma tranquila, até mesmo para fazer as atividades do dia a dia. Mas, dependendo da idade, horários de alimentação, café da manhã e de ir para escola, a mudança pode fazer com que um grupo de crianças sofra bastante e apresente queda de rendimento escolar nesse período”, revela.
O importante, conforme o especialista é estabelecer horários. “O indivíduo deve se programar para dormir no horário, nos próximo 10 ou 15 dias. O ideal é fazer uma espécie de ‘higiene do sono’, que é desligar o celular, a TV, colocar uma luz bem fraca, quase que ausente, antes de dormir, e optar pelo auxílio de um alarme para despertar. Caso ele ainda tenha dificuldades, pode, a cada quatro noites, antecipar meia hora para dormir. Um dia ele deita às 1h, outro 0h30 e assim sucessivamente. É preciso tomar cuidado com os cochilos diurnos. Se dormir durante o dia e perder a hora, as chances de um transtorno de adaptação são maiores”, conclui.
PROJETO DE LEI
O Projeto de Lei (PL) 4761/2017 proposto pelo deputado Antônio Jorge (PPS) pretende acabar com o horário de verão no estado de Minas Gerais. O PL, atualmente, em análise na Comissão de constituição e Justiça (CCJ). Na sequência, vai para a Comissão de Minas e Energia e depois segue para aprovação em Plenário.