Um dia após a forte turbulência nos mercados internacionais, a moeda norte-americana fechou estável e a bolsa de valores recuperou-se. O dólar comercial encerrou esta terça-feira, 6, vendido a R$3,246, com queda de 0,03%. Essa foi a primeira queda depois de duas sessões de alta.
O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, subiu 2,77%, fechando aos 84.126 pontos. O indicador voltou a subir depois de cair 4,25% na sexta-feira, 2, e ontem, 5. Até a semana passada, o índice vinha registrando recordes seguidos, tendo superado a barreira dos 85 mil pontos.
Desde sexta-feira, os mercados financeiros de todo o mundo atravessam momentos de turbulência por causa de dados recentes da economia norte-americana. Apesar de as estatísticas recentes mostrarem que a criação de emprego superou as expectativas, o receio de que o Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, aumente os juros básicos da maior economia mundial de forma mais agressiva que o esperado provocou tensões em escala global.
Juros mais altos nos Estados Unidos estimulam que os investidores vendam ações na bolsa de valores e comprem títulos do Tesouro norte-americano, considerado os papéis mais seguros do planeta. Da mesma forma, propiciam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil, para cobrir prejuízos em mercados de economias avançadas. Para o diretor da Liberta Global, escola de investimentos internacionais da empresa de serviços financeiros L&S, Leandro Ruschel, a turbulência no mercado internacional ainda não pode ser classificada de crise, mas deixa um alerta de que o cenário externo começa a se complicar.
“Ainda não podemos chamar de crise, é normal o mercado corrigir de tempos em tempos. A bolsa sempre trabalha com expectativa futura e não com o presente. Por enquanto, não é algo que afete a economia real, apenas sugere que estamos mais próximos do fim de um ciclo de expansão na economia global”, diz Ruschel.
Para o professor de macroeconomia do Ibmec e economista da Órama Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Alexandre Espírito Santo, ainda é cedo para classificar a volatilidade nos mercados estrangeiros como temporária ou duradoura. Ele, no entanto, diz que a instabilidade representa um alerta para o Brasil. “Essas oscilações não afetam o Brasil diretamente, mas, em momentos como esse, o mercado olha quem está fazendo o dever de casa. O Brasil tem um problema fiscal [déficits primários] muito forte, e a diminuição [da chance] da aprovação da reforma da Previdência pode fazer o Brasil sofrer por tabela”, adverte.
Ontem, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou com queda de 4,6%, o maior recuo diário desde 2011. Hoje, o indicador oscilou bastante, alternando quedas e altas, mas operava em alta de 1,71% por volta das 19h de Brasília (16h nos Estados Unidos).
Fonte: Agência Brasil