Setecentas e sessenta e duas pessoas morreram de câncer em Juiz de Fora no ano de 2017. O levantamento realizado pela Secretaria de Saúde (SS) mostra que os homens morreram mais que as mulheres: são 398 óbitos de indivíduos do sexo masculino e 364 de pessoas do sexo feminino. Os cânceres de pulmão (56), próstata (54) e estomago (31) lideram o ranking dos que mais mataram os homens, enquanto o de mama (58), pulmão (44) e estômago (20) são os responsáveis pelo maior número de mulheres mortas.
Especialistas explicam que, para ambos os sexos, o cenário no município é preocupante e que a maioria dos casos está relacionada ao diagnóstico tardio da doença. “Quando o paciente vai procurar o médico, o tumor já está em estágio avançado e a cura é mais difícil. Se o diagnóstico fosse feito precocemente não teríamos tantos óbitos no ano”, diz a mastologista Lívia Maria Toledo.
CÂNCER DE MAMA É O QUE MAIS MATA MULHERES
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres e também o mais letal, sendo a segunda principal causa de morte na América Latina. Entre todos os tipos de câncer, o de mama é o que mais mata mulheres na faixa dos 20 aos 59 anos. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) aponta que o Brasil registra 58 mil casos da doença por ano e a maioria é detectada com lesões muito grandes.
Em virtude da triste estatística, Lívia alerta para a necessidade do diagnóstico precoce. “A mamografia aliada ao exame clínico e ao autoexame é muito importante, pois é através desse processo que a mulher passa a conhecer a própria mama”, explica a médica, acrescentando que somente os exames conseguem mostrar se existe ou não um tumor.
“Inicialmente, a mulher não percebe nada. Ela vai até o mastologista, no qual é solicitada a mamografia, que, muitas vezes, identifica lesões milimétricas. Nos casos avançados, a mulher pode perceber um nódulo na mama, uma pele com aspecto de casca de laranja, o mamilo pode se inverter e pode haver ulceração na mama. São os casos mais graves, responsáveis pelas mortes”, afirma.
Lívia reforça que a SBM preconiza a realização da mamografia anualmente a partir dos 40. “Se o câncer for diagnosticado de forma mais rápida, as chances de cura são maiores. Hoje, o tratamento do câncer de mama é individualizado. Ele é cirúrgico e pode ou não ser seguido de quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal. Todo o processo vai depender do tipo do tumor”, ressalta.
CIGARRO É RESPONSÁVEL POR 90% DOS CASOS DE CÂNCER NO PULMÃO
Cerca de 90% dos casos de câncer no pulmão ocorre em função do consumo de derivados do tabaco, como o cigarro. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença é a que mais mata entre os homens. Assim como as mulheres, a busca pela identificação tardia da doença é o que tem levado cada vez mais homens a morrer. “O câncer no pulmão é silencioso. Muitas das vezes o paciente está com câncer, mas não temos o diagnostico dele em mãos”, revela o pneumologista Oswaldo Afonso da Silva Filho.
Segundo o especialista, a doença pode se manifestar em alguns sintomas. “Perda de peso, emagrecimento, tosse, que geralmente é seca, mas pode ter escarros sanguinolentos. Dores no tórax, e às vezes um pouco de falta de ar”, ressalta.
Qualquer uma das manifestações desses sintomas deve servir como um alerta para a procura de orientação médica. Além do diagnóstico precoce, outras iniciativas ajudam a prevenir o câncer. “A primeira coisa é controlar o uso crônico do cigarro. Boa alimentação, prática de atividades físicas, diminuição do estresse, optando por levar uma vida mais saudável, também faz parte da prevenção”, alerta Filho.