Secretaria confirma primeiro óbito por febre amarela em Juiz de Fora

Juiz de Fora registrou oito casos de febre amarela em moradores da cidade. A informação foi confirmada pela secretaria municipal de Saúde, Elizabeth Jucá, em coletiva de imprensa na manhã dessa sexta-feira, 26. Deste número, um foi descartado, seis são suspeitos e o último foi confirmado que veio a óbito em decorrência da doença.

O paciente em questão é o homem de 58 anos que foi internado no Hospital Albert Sabin com suspeita de febre amarela, mas em seguida foi transferido para Santa Casa, no dia 17 de janeiro, onde foi submetido a um transplante de fígado por apresentar quadro de hepatite fulminante. Ele morreu no dia seguinte, 18.

Dentre os casos suspeitos, quatro também já vieram a óbito e os outros dois seguem internados. Segundo Elizabeth, dois dos oitos casos podem ter contraído a doença em outro município, pois estavam viajando.

“Nós não estamos em uma situação de surto. O município foi incluído no decreto porque toda a capacidade para atender a região está instalada em Juiz de Fora. O dispositivo facilita e agiliza a adoção de medidas necessárias ao enfrentamento da doença”, ressaltou. O decreto, citado pela secretária, é o dispositivo que declarou Situação de Emergência em Saúde Pública nas regionais de Juiz de Fora e Barbacena, publicado pelo governo estadual na quinta-feira, 25.

Com a publicação do dispositivo, o Governo poderá adquirir insumos e materiais, bem como contratar por tempo determinado serviços estritamente necessários ao atendimento da situação emergencial, sem a necessidade de realizar licitação, para os municípios que integram a área de abrangência das unidades regionais de saúde.

O decreto também cria a Sala de Situação para controle epidemiológico da febre amarela no município e na região. O local começou a funcionar na sexta-feira, 26, na Superintendência Regional de Saúde (SRS). Outra definição anunciada foi o Hospital Regional Doutor João Penido como referência para o tratamento dos casos suspeitos de febre amarela na região.

COBERTURA VACINAL

Em relação a cobertura vacinal, a secretária afirmou que o município está próximo de alcançar a meta determinada pelo Ministério da Saúde. “Atualmente, nós estamos com 91,55% da população vacinada. Estamos fazendo uma busca ativa daquelas pessoas que ainda não foram imunizadas, principalmente homens entre 40 e 50 anos, faixa etária com maior incidência da doença”, frisou Elizabeth. O Ministério da Saúde preconiza o índice de 95% de cobertura vacinal.

Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde do município, Rodrigo Almeida, somente no mês de janeiro Juiz de Fora vacinou 30 mil pessoas. “Reiteramos e convocamos aquelas pessoas que não se vacinaram a procurarem as nossas Unidades Básica de Saúde (UBSs), que não estão fechando na hora do almoço exatamente para favorecer a imunização. Além da vacinação, a informação também é importante e nossas unidades estão prestando esclarecimentos a população”, afirmou.

Outro fator destacado pelas autoridades municipais é que os médicos das UBSs estão realizando consultas para indicar a possibilidade da população maior de 60 anos poder se vacinar. Caso a orientação for que não tome devido a algum motivo de ordem de saúde, o idoso deve fazer o uso regular de repelente.

Atualmente, apenas o ciclo silvestre da doença foi registrado na Saúde. Para que o ciclo urbano se restabeleça, no qual o transmissor é o Aedes aegypti, a população ainda deve se preocupar com o mosquito. “O LirAa apresentou o índice de 3.9. A Prefeitura já vem trabalhando de forma estratégica em todas as áreas do município com índices maiores de infestação. Mas a população deve nos apoiar nesse momento e fazer a tarefa diária ou semanalmente de verificar em suas residências locais que acumulem água para combatermos o Aedes e manter o ciclo silvestre da doença”, relembrou Almeida. Vale destacar que o mosquito também é o vetor de transmissão da dengue, zika e chikungunya.

 

REGIONAL DE JUIZ DE FORA

A secretária de Saúde também divulgou os dados da regional de Juiz de Fora até a manhã de sexta-feira. Segundo as informações da Vigilância Epidemiológica, foram internados nos hospitais da cidade 28 pacientes suspeitos de febre amarela, sendo oito casos de moradores de Juiz de Fora e 20 vindos de cidades da região.

Em Minas Gerais, onde o vírus circula há dois anos, já foram confirmados 47 casos, dos quais 25 evoluíram para óbito. “Todas as ações que estamos desenvolvendo tem como objetivo conter essa rápida transmissão da doença nas regiões que estamos identificando como prioritárias neste momento”, afirmou o subsecretário de Vigilância e Proteção da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), Rodrigo Said.

O subsecretário também esclareceu que os órgãos de saúde estarão mais atentos a sintomas comuns a outras doenças e que também podem caracterizar a febre amarela. “Nosso objetivo é garantir maior sensibilidade da nossa rede de atenção para um diagnóstico precoce de doença para evitar a ocorrência do óbito”, ressaltou.

Em relação a informação da origem do paciente, a SES/MG recomenda que seja divulgada quando finalizar a investigação de caso. “É um processo demorado, não é tão simples. Por exemplo, esse paciente pode ser residente de Juiz de Fora, mas contraído a doença em outra cidade. Por isso, é necessário identificar toda história de deslocamento desse paciente nos últimos 15 dias a partir da data do início do sintoma. Muitas vezes essas informações são difíceis de se obter porque a própria família não tem conhecimento. Por isso a gente só faz a divulgação quando tem clareza do local provável da infecção”, finalizou.




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