Era valoroso soldado romano. Jovem pleno de saúde, dado aos exercícios físicos, senhor de um corpo robusto, limpidez de alma, transparência de intenções e determinação de vontade. Fidelíssimo aos compromissos do exército imperial, conquistou a confiança de seus chefes. Caiu nas graças até mesmo do Imperador Caius Aurelius Valerius Decoles Dioclecianus (284 – 305 d.C.), senhor dos domínios de quase todas as terras ao redor do Mar Mediterrâneo, ao qual chegaram a chamar “Mare Nostrum” e, no inverso, quando o fechavam, “Mare Clausum”. Dadas às virtudes do nobre soldado, o mencionado Imperador o promoveu ao posto de Capitão da Guarda Pretoriana. Estamos falando de Sebastião, o santo militar tão venerado por todos os cantos do mundo. Sendo seu “Dies Natalis” 20 de janeiro, tem seu nome imortalizado num dos mais importantes Estados da Federação brasileira e em centenas de cidades, bairros e povoados, de paróquias, igrejas, capelas, estabelecimentos e instituições.

Naqueles primeiros séculos, os seguidores do Crucificado não viviam tranquilos, pelo contrário, eram perseguidos sumariamente, apenas por professar a fé naquele que ressuscitara ao terceiro dia, amado e propagado com Divino Salvador da humanidade. Porém, em meios às tormentas, davam cada vez maior prova de sua convicção religiosa, seu amor a Deus e ao próximo.

Ao ser percebido nestes caminhos, a admiração dos generais e a predileção do Imperador se transformaram em ódio e perseguição. Incitado a sacrificar aos deuses falsos e a renunciar a Cristo, não cede às pressões. É condenado à morte no tribunal da injustiça, sendo atado a uma árvore e cravejado de setas. Julgando-o morto, seu corpo foi atirado ao rio. Porém, Irene, fiel autêntica e destemida, o vê respirando, recolhe-o e leva-o à comunidade cristã que o cura. Refeito de suas forças, é levado outra vez diante dos magistrados e é novamente condenado a pena capital, desta vez, por meio de apedrejamento, sendo, depois de morte constatada, atirado ao esgoto da cidade. Retirado deste lugar fétido e degradante, por outra fiel cristã, Luciana, seu corpo que fora santificado pelo batismo, alimentado tantas vezes pela Eucaristia, é levado à comunidade eclesial onde recebe sepultamento digno. Há nos arredores de Roma, famosa catacumba com seu nome, onde centenas de outros cristãos, em geral mártires, estão sepultados em galerias subterrâneas. Mais uma vez se comprova a força do bem contra o mal, a proteção e a misericórdia de Deus infinitamente superiores a qualquer poder humano. Cante-se outra vez com Maria, Mãe do Salvador: “Derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes” (Lc 1, 52).

Quando Debussy, em 1911, compôs sua cantata “Le Martyrre de Saint Síébastien”, demonstrou a extensão da admiração pelo testemunho de tenacidade e perseverança na fé do santo militar, levando sua bem-aventurada memória pelas asas da arte musical a todos os recantos do orbe.

Mártir, derramando seu sangue à maneira de seu Mestre, é invocado hoje como protetor de todos os militares no cumprimento de seus deveres e como intercessor contra a peste, a fome, a guerra e todo mal contagioso.

Que ele interceda por todos nós!

 

Dom Gil Antônio Moreira – Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

 




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