Alguns juiz-foranos estão com medo de visitar o Parque Halfeld. Conforme os relatos, o local, frequentado por grande quantidade de pessoas, se tornou violento, onde além do tráfico de drogas, casos de assaltos e prostituição têm sido cada vez mais recorrentes, praticados em plena luz do dia. Segundo um comerciante, que não quis se identificar, sequer é possível ir ao banheiro do espaço.
“São usuários, traficantes, eles tomam conta de tudo. A gente não consegue ir ao banheiro, sentar para conversar, jogar, nem mesmo levar as crianças no parquinho, pois fica um cheiro de maconha terrível naquela região. O pior é que eles acham que são donos do espaço e obrigam as pessoas que estão ali a sair”, diz.
Ele conta que o movimento se intensifica a partir do meio dia, momento em que adolescentes que estudam nas proximidades estão saindo das escolas. O comerciante acrescenta que os jovens, frequentemente, são vistos usando drogas no espaço. Locais como a Câmara Municipal, o Fórum Benjamin Colucci e a Igreja São Sebastião, que receberam reforço na segurança por conta do aumento na violência ocorrida no parque, seguem sendo desrespeitados pelos infratores. “Eles não estão nem aí. Já presenciei situação em que a Guarda Municipal tentou repreende-los, mas eles não respeitaram, pois pensaram que ela não é uma autoridade”, afirma o comerciante, reivindicando por mais segurança.
“É o cartão-postal da cidade, mas parece que está abandonado pelas autoridades. Recentemente, até teve uma ação da Polícia Militar (PM), mas não é garantia de nada, pois os criminosos, pouco tempo depois, estão nas ruas novamente. É necessária uma ação rotineira, que envolva todas as autoridades. No local está instalado câmera do sistema “Olho Vivo”, mas será que está funcionando?”, questionou.
DROGAS COMO PRINCIPAL PROBLEMA
A PM enxerga o tráfico de drogas como o principal problema do parque, mas reforça que tem feito um trabalho preventivo para inibir o crime. Tanto que, de acordo com levantamento da polícia, em 2017, quase 50 pessoas foram presas no local por conta da atividade. Foram 20 prisões em decorrência do tráfico e outras 24 devido ao uso de entorpecentes nas imediações parque. Na sexta-feira, 12, durante operação de combate a este tipo de crime, a polícia prendeu seis pessoas no espaço e, com elas, foram encontradas pedras de crack e buchas de maconha.
O capitão Alexandre Barbosa, comandante da 30ª Companhia da Polícia Militar, responsável pelo policiamento na área central do município, revelou que algumas câmeras do “Olho Vivo” ficaram inoperantes por questões técnicas e isso prejudicou os trabalhos. “Recebemos muita demanda oriunda do sistema, que nos ajuda a identificar os suspeitos. Logicamente, o período de inatividade das câmeras dificultou as nossas ações, mas isso foi resolvido e elas já estão funcionando”, afirma.
O militar também explica que a equipe policial patrulha, de forma constante, toda a extensão da Rua Halfeld e do Parque Halfeld, por meio da Base Comunitária Móvel, em que um veículo com vários militares fica estacionado nos locais. A movimentação também é feita por bicicletas e motocicletas, meios de transporte que permitem chegar de maneira mais acessível aos infratores.
A assessoria da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informa que, além de passagens periódicas, a equipe da Guarda Municipal atua junto aos Fiscais de Posturas e têm o Parque Halfeld como ponto de encontro habitual. Neste período de recebimento do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), há lançamento de equipe dentro do Espaço Cidadão. Em caso de necessidade, a população pode acionar esses profissionais ou fazer sua solicitação ou denúncia pelo telefone 153.
LEGISLAÇÃO É MUITO PERMISSIVA
O titular da delegacia Especializada Antidrogas da Polícia Civil, Rogerio Woyame comentou que a ousadia das pessoas que consomem drogas no local está relacionada à fragilidade da lei. “Percebemos que muita gente usa drogas no local, principalmente a maconha. Apesar de o consumo em lugar público ser crime, essas pessoas não se intimidam, pois sabem que não existe pena de prisão para quem faz uso, apenas sanções administrativas, educativas ou penais, que não irão restringir sua liberdade”, reforça.
Woyame também criticou a forma como é conduzida a Audiência de Custódia. No entendimento dele, no cenário de crescente violência e pouco efetivo, a soltura de infratores poucas horas após a prisão gera ainda mais esforços para a corporação. Ele cita um caso recente, de criminosos que foram presos no Parque Halfeld vendendo drogas para adolescentes. Eles foram indiciados pelo delegado por crimes de tráfico de entorpecentes e corrupção de menores, por estarem na companhia de um adolescente, que também estava vendendo. A dupla ainda teria aumento de pena por venderam drogas para os jovens. Entretanto, pouco mais de 24 horas depois da prisão, eles já estavam em liberdade para responder ao processo, já que o juiz não encontrou antecedentes criminais em suas fichas.
As autoridades policiais ainda ressaltaram a importância da denúncia anônima através do telefone 181, que tem ajudado a polícia na identificação de diversos criminosos.