Eles poderiam ter escolhido o ônibus, uma moto ou um avião, talvez o meio de transporte mais indicado para que os estudantes do Curso de Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Daniel Pinto, Elver Lonie Nunes Rodrigues e Albert Milles de Souza percorressem os cerca de 3.500 quilômetros que separam as cidades de Juiz de Fora e Belterra, no Pará. Ao invés disso, o escolhido para a grande aventura, que se iniciou nessa terça-feira, 26, foi um Fusca, adquirido por Daniel em 2014 e apelidado de “Humboldt, o Fusquinha”.
“Comprei o carro com o dinheiro que recebi de uma bolsa de extensão na faculdade. Desde então, sempre que posso estou viajando com ele, seja para cidades históricas de minas ou cachoeiras. Adoro pegar a estrada com ele. Costumo falar que é minha terapia, ou melhor ‘Fuscaterapia’. Ao longo desses quase quatro anos que o tenho, já fiz várias coisas, desde a parte mecânica até a estética”, revela Daniel.
O estudante, que desde 2010 morava em Juiz de Fora com parentes, teve a ideia de “voltar para casa” logo após a compra do veículo. “Desde pequeno tinha vontade de ter um Fusca, e quando tirei a habilitação não pensei duas vezes. Após obter o carro, comecei a ingressar no mundo dos ‘Fusqueiros’, participar de clubes e eventos. Em pesquisas pela internet, vi que era comum as pessoas viajarem o mundo dentro de um Fusca ou uma Kombi. Estando perto de me formar e querendo voltar para o Pará, pensei: ‘vou de Fusca’ ”, conta. Daniel ressalta que a família e alguns amigos não concordam com a iniciativa, mas que algumas pessoas incentivaram a viagem. “Como um amigo Fusqueiro fala: ‘Fusca na garagem não faz historias’ “, acrescenta.
A escolha dos amigos que o acompanham na aventura não foi por acaso. A verdade é que não foi bem uma escolha, segundo Daniel. “Bom, possuo muitos vínculos com amigos, professores e familiares que residem em Juiz de Fora e sempre que puder estarei passeando por aqui. As pessoas que estão comigo na viagem não foram escolhidas. Em 2014, por acaso, fizemos uma viagem curta com o Fusca. Em meados de 2017, já na reta final da minha graduação, falei com algumas pessoas sobre o sonho de ir para Belterra. Quando meus amigos ficaram sabendo, apenas me perguntaram a data e hora da partida, pois já estavam confirmados. Posso dizer que eles me escolheram”, conta.
Já com o diploma nas mãos, a expectativa é de levar conhecimento a todos os lugares que eles passarem. “Amamos viajar. Como diria uma professora e orientadora de graduação na UFJF: ‘Viajar para o geógrafo é condição, é conhecimento’. As expectativas são as melhores possíveis. Estamos ansiosos e bastante animados. Cortar o Brasil do Sudeste até o Norte, passando pelo Centro-Oeste será um desafio. Algo imaginado e ao mesmo tempo inimaginável”, reconhece Albert.
Para completar o trajeto previsto em cinco dias, os jovens se planejaram. “A viagem inicialmente foi planejada entre quatro e cinco dias na estrada. Pretendemos fazer umas oito grandes paradas, para almoço e pernoite. Paradas menores serão feitas a cada duas ou três horas, para abastecer o carro e esticar as pernas. Pretendemos fazer as grandes paradas próximo aos municípios de Bom Despacho (MG), Ibiá (MG), Mineiros (GO), Cuiabá (MT), Sinop (MT), Novo Progresso (PA) e Itaituba (PA)”, explica Daniel.
A divulgação da viagem está sendo feita pelas redes sociais. Fotos e momentos podem ser vistos por meio do perfil exclusivo no Instagram: @Fuscapraterrinha.