Um grande painel homenageando o cantor e compositor Gilberto Gil e outras personalidades do país foi inaugurado nessa segunda-feira, 18, na praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. A obra foi produzida por grafiteiros a partir de um projeto do Metrô Rio. A obra, abtizada de Aquele Abraço, faz referência à canção de mesmo nome, que foi composta pelo músico em 1969.
Em discurso, Gilberto Gil destacou a importância da arte de rua. “São artistas que vêm contribuindo para o embelezamento das cidades, não só no Brasil como no mundo todo. Você vê Nova York, Los Angeles, Paris, Roma, em qualquer lugar onde você vai, esse tipo de manifestação artística, através de painéis, de representações variadas e pictóricas da vida cultural, é uma marca constante. Nesse sentido, esse painel tem uma importância muito grande. E Gilberto Gil se sente extraordinariamente considerado por estar sendo motivo de manifestação de artistas populares, no centro do Rio de Janeiro”.
O cantor lamentou que os grafites tenham sofrido recentemente repressão do poder público. No início do ano, a Prefeitura de São Paulo apagou alguns painéis da cidade e sancionou lei proibindo grafites não autorizados, o que gerou um debate nacional. “Essa arte vem sofrendo recentemente no Brasil atitudes negativas por parte de governos municipais. É preciso, portanto, chamar a atenção porque é uma arte em ascensão justamente porque entendem as comunidades locais. Mais do que receber homenagem, vim aqui prestar solidariedade a esse tipo de trabalho”.
Gilberto Gil disse ainda que outros artistas poderiam ter sido homenageados, citando especialmente Dorival Caymmi. “Há 40 ou 50 anos atrás, talvez fosse ele aqui. Não fosse ele, eu não estaria aqui hoje. E não existiria a música popular brasileira tal como ela é”.
O painel ocupa dois muros do respiradouro da estação de metrô. De um lado, o artista paulista Ozi retratou o rosto de Gilberto Gil. Do outro, o Coletivo Nata Família, formado por três moradores do Rio de Janeiro, representou personagens citados em estrofes da música. A sambista Tia Surica faz referência a “todo mundo da Portela” e Zico lembra a “torcida do Flamengo”. Também estão no painel o apresentador Chacrinha, expressamente mencionado na canção, e uma “moça da favela”, não identificada.
PAINEL ANTIGO
O novo painel resgata uma homenagem anterior a Gilberto Gil que havia no local. O trabalho foi realizado ao longo dos eventos vinculados ao Ano da Itália no Brasil, que o governo de ambos os países celebraram entre outubro de 2011 e outubro de 2012.
“Em 2012, o governo italiano nos encomendou um projeto de arte urbana que reunisse artistas dos dois países. Isso ocorreu em diversas cidades do Brasil. Aqui no Rio de Janeiro, nós fizemos uma parceria com o Metrô Rio e convidamos um casal de italianos, que fizeram espontaneamente um retrato de Gilberto Gil. Do outro lado, o mesmo Ozi fez um São Sebastião, que é o padroeiro do Rio, e foi representado de forma bem brasileira e com um cocar indígena”, explica o curador Marco Antônio Teobaldo.
O painel anterior ficou exposto por cerca de cinco anos. Foi apagado em 2016. De acordo com o Metrô Rio, ele sofreu depredações durante manifestações de rua em 2013 e em 2014 e também havia muitas pichações se sobrepondo ao trabalho, razão pela qual a remoção teria sido necessária.
Fonte: Agência Brasil