Estudantes relataram à reportagem do Diário Regional como tem sido a vida no Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) após a tentativa de assalto ocorrida na noite de quarta-feira, 29 de novembro, em que alunas da Faculdade de Educação (Faced) da entidade foram abordadas por três indivíduos, e, durante a fuga da suposta ação criminosa, tiveram que se esconder dentro de uma sala de aula e manter as portas trancadas. Elas chegaram a pedir ajuda através de mensagens no aplicativo WhatsApp. Com medo da situação, outras duas salas foram trancadas pelos professores e os estudantes só foram liberados depois que docentes verificaram que não havia mais nenhuma ameaça.
Para a aluna da UFJF e presidente do Diretório Acadêmico (DA) de pedagogia, Larissa Oliveira, a localização afastada do prédio da Faced e a pouca iluminação no espaço pode ter contribuído para a ocorrência, apesar de que, no dia em questão, um evento com grande aglomeração de pessoas acontecia na faculdade e a situação teria ocorrido nos corredores que dividem os prédios novo e velho. “O local é arriscado, perigoso, com pouca segurança. Agora, até que colocaram mais iluminação, mas tem dia que ainda fica escuro. É um ambiente um pouco deserto, a cantina que fica nas proximidades fecha cedo, por volta das 21h. Principalmente, após esse horário, fica muito perigoso”, comenta.
Antes mesmo de o incidente acontecer, Larissa conta que a demanda por mais segurança no local já havia sido debatida e apresentada pelo Conselho de Centros e Diretórios Acadêmicos (Concada) à direção da Faced e ao Fórum de Segurança da Universidade. “Algumas coisas melhoraram, mas ainda estamos vulneráveis. Os pedidos encaminhados ao DA relacionados à falta de iluminação e segurança são recorrentes daquele local”, revela.
A sensação sentida pelos estudantes ainda é de insegurança e medo, por isso, eles reivindicam maior segurança no campus. “A gente gostaria que tivesse mais segurança presente, principalmente na saída dos alunos. Logicamente que isso não resolverá por completo o problema, já que vivemos em uma cidade onde o índice de violência é alto, mas acreditamos que os guardas intimidariam as pessoas que pretendam cometer alguma ação criminosa”, diz.
UFJF REITERA QUE VEM INVESTINDO EM TREINAMENTO DE VIGILÂNCIA
Segundo a Pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, a UFJF tem trabalhado com a questão da vigilância, por meio da Pró-Reitoria de Infraestrutura e Gestão (Proinfra), responsável por esse assunto. “Temos trabalhadores que excutam atividades em prol da segurança. Além disso, temos o Fórum de Segurança que tem grande representatividade da comunidade acadêmica, em que a política de segurança vem sendo empenhada”, reitera.
A assessoria da UFJF também reforça que o Fórum de Segurança é o principal projeto na área e está em pleno funcionamento. Além disso, o órgão ressalta que os vigilantes estão passando por treinamentos contínuos de qualificação.
UNIVERSIDADE PREZA PELA PARTICIPAÇÃO DAS COMUNIDADES DO ENTORNO
A Pró-reitora de Extensão ressalta que, geralmente, a situação de insegurança no Campus é associada pelo senso comum aos bairros do entorno da UFJF, mas que na verdade a comunidade não representa ameaça alguma, e a universidade tem trabalhado para desmistificar essa ideia. “A comunidade do entorno não nos ameaça. A UFJF não é um território a parte da sociedade, ela faz parte da cidade. As questões sociais vivenciadas em Juiz de Fora se expressam no interior da instituição. Temos políticas na área de extensão para que todos os segmentos da sociedade, indistintamente, possam participar do dia a dia da universidade. É um espaço que tem que ser de todos, não só daquela pequena parcela da sociedade que a frequenta, mas também daquelas pessoas que habitam as comunidades mais empobrecidas”, afirma.
Ela explica ainda que as iniciativas de extensão não foram criadas para prevenir a criminalidade. “Os projetos de extensão são ações da comunidade acadêmica junto à sociedade, para garantir direitos sociais em várias áreas, como saúde, educação, meio ambiente e cultura. Lembrando que a UFJF não é o único sujeito que tem que trabalhar nessa garantia, o poder público municipal, o estado e o Governo federal tem sua parcela de responsabilidade”, complementa.