O Mundo Fenomênico é Como Uma Fotografia

Por que o homem se entretém com a máquina fotográfica e diverte-se representando o vasto panorama da grande natureza em limitados recortes de papel de variados tamanhos e formatos, como o postal, o meio postal, etc. Poderíamos pensar que por mais perfeita que seja a fotografia, não pode ser comparada à beleza majestosa e magnificente da Grande Natureza. Porém, o homem faz a pintura ou tira a fotografia para criar a beleza vista de um novo ângulo, limitando a Grande Natureza através de sua auto limitação, ou então limitando a sua visão dela através da câmera. O fato de Deus ter manifestado, além do mundo real perfeito e do homem real, o mundo e o homem de sombra do fenômeno, isto é, o fato de Deus ter limitado Seus olhos, colocando o infinito no limitado através da moldura constituída de tempo e espaço com o fim de desfrutar a beleza que só pode ser apreciada no mundo limitado, assemelha-se ao homem que propositadamente limita a Grande Natureza através da fotografia, para apreciar a beleza que só pode ser vista no “mundo das fotografias”. No budismo, essa limitação é simbolizada pela entidade budista Fugen Bosatsu, que permeava o espaço, e foi reduzindo o seu corpo até tornar-se minúscula, surgindo montada no elefante branco de seis marfins.

COMPARANDO A VIDA FENOMÊNICA COM A POESIA JAPONESA DE LIMITADO NÚMERO DE SÍABAS
No mundo fenomênico aprecia-se a beleza e o bem como que através do ângulo de uma câmera. O mundo assim retratado não tem espessura e dimensão infinitas, como o mundo real. O mundo fenomênico não existe realmente e aparentemente se expressa no limitado e no condicional. Não obstante, está manifestada nele uma beleza que só pode ser apreciada por meio dessa limitação e condicionamento. A poesia japonesa de 31 sílabas, chamada Tanka, ou a poesia de 17 sílabas, intitulada Haiku, mostram como é possível expressar uma beleza diferente, ao reproduzirem limitadamente o panorama real. As limitadas sílabas desses dois tipos de poesia são capazes de serem instrumentos de expressão de uma beleza original, diferente da de uma oração, que emprega livremente uma infinidade de palavras.




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