O Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI) divulgou este ano que o Brasil ocupa a 115ª posição no ranking mundial de presença feminina no parlamento nacional. O estudo analisou dados de 138 países, a partir das informações do Banco Mundial (Bird) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Diante dessa perspectiva, o Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realiza, na próxima quinta-feira, 19, a mesa-redonda “Mulheres e Participação Política”.
“Nosso intuito é falar sobre as questões em torno da reforma política, mas com enfoque no papel das mulheres e como funciona esse sistema de representatividade feminina. Além disso, vamos debater sobre possíveis saídas para uma maior diversidade de gênero na política”, esclareceu a diretora do CPS e professora, Célia Arribas.
A política, ponderou Célia, é historicamente marcada por homens e olhar masculino, como muitos aspectos da sociedade, por isso a mulher precisa garantir o seu espaço. “As qualidades de um político ou de se fazer política estão associadas ao gênero masculino: virilidade, racionalidade, força entre outros”, disse a professora. “A participação da mulher na política sem dúvida é importante, não só em quantidade, mas também a visão e a vivência da mulher trazem novas questões importantes. Além disso, põe olhar feminino sob as próprias demandas, que antes eram geridas por homens”, completou.
Nesta edição, o evento contará com a participação da vereadora de Belo Horizonte (MG), Áurea Carolina (PSOL), da vereadora do Rio de Janeiro (RJ), Marielle Franco (PSOL), e da cientista política e professora da UFJF, Marta Mendes da Rocha. “Além de serem duas cientistas sociais, as vereadoras possuem uma trajetória de participação política intensa e com uma pauta focada na participação da mulher na política, mas, sobretudo, da participação dos diversos tipos de mulher”, afirmou Célia.
O evento será realizado às 17h, no Anfiteatro II do Instituto de Ciências Humanas (ICH). O evento é gratuito e aberto ao público geral. As inscrições podem ser feitas com antecedência, mas também estarão abertas no dia do evento.
UM OLHAR EXPERIENTE
De acordo com o estudo realizado pelo PMI, na eleição de 2016 foram 7.824 mulheres eleitas vereadoras em todo o país, parcela equivalente a 14% do total. Dentre elas, está a vereadora Ana Rossignoli (Ana do Padre Federico-PMDB), que exerce o mandato pela terceira vez.
Após 45 anos dedicados a educação em Juiz de Fora, Ana decidiu se candidatar. “Eu trabalhei como professora em sala de aula e quase 20 anos como diretora. Depois desses anos, cheguei à conclusão que não tinha mais o que ofertar para os meus alunos”, contou.
A parlamentar teve um irmão, que já faleceu, que foi vereador do município e, a partir da experiência dele, percebeu que também podia seguir este caminho. “Na política, eu teria muito mais a contribuir para a população de Juiz de Fora. Poderia levar meu trabalho por toda cidade. E de qualquer maneira, eu teria que me aposentar e deixar a escola”, falou Ana.
Apesar da legislação estabelecer o mínimo de 30% de candidatas, para a vereadora as mulheres ainda são desencorajadas pela discriminação e por isso ficam omissas na política. “Está muito aquém do que deveria ser, pois a mulher não se sente empoderada para encarar o homem na política. Elas se candidatam para preencher as vagas e não são conscientizadas que deveriam participar de forma ativa”, destacou.
ESCLARECIMENTOS
Diante da veiculação de sua candidatura à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a vereadora afirmou que ainda não é o momento de se pensar nisso. “Eu tenho muito respeito pelo PMDB e também sou muito respeitada por ele. Mas tem negociações ainda pela frente. Está muito distante e não é uma coisa para ser vista agora”, finalizou