Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) iniciaram estudo dos genes expressos no câncer de mama, que tem por objetivo construir sequências complementares ao RNA (ácido ribonucleico, que é o responsável pela produção de proteínas em cada uma das células do nosso organismo), de alguns desses genes, para silenciá-los, através do efeito de RNA de interferência, para o tratamento da doença.
“O que nós pretendemos no projeto ‘Otimização de sequências de short interfering RNA para terapia de câncer de mama e o desenvolvimento de nanocarregadores híbridos’ é criar um medicamento que iniba a produção dessas proteínas pelas células cancerígenas”, explica o coordenador e professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Frederico Pittella.
Ele reforça que a iniciativa de trabalhar com o câncer de mama ocorreu após a sua especialização na área, onde viu a oportunidade de aplicar os conhecimentos sobre câncer de pâncreas em doença que acomete maior número de pessoas, como o câncer de mama. “O câncer é uma doença que já tem todos os genes inscritos, então a gente consegue identificá-los e utilizar esse RNA para tratá-lo”, afirma.
Para que o tratamento seja específico no tecido acometido pelo câncer, ou seja, para que a medicação não provoque efeitos adversos nas pacientes, Pittella ressalta a necessidade do uso de nanopartículas, cujo tamanho situa-se entre 1 e 100 nanômetros. No caso desta pesquisa, as nanopartículas teriam a função de transportar o fármaco até as células afetadas pela doença. Um nanômetro (nm) equivale à bilionésima parte de um metro, isso significa ser mil vezes menor que um fio de cabelo.
“Nanotecnologia é a tecnologia que trabalha em escala nanométrica. É necessária a construção de nanopartículas para carregar o fármaco. Essas ‘nanomáquinas’ vão viajar pelo corpo da paciente, identificar o tumor, e entregar o fármaco (nosso RNA de interferência) exatamente no tumor”, destaca.
O professor também reforça que a utilização de novos medicamentos e terapias devem ser realizados apenas após os testes pré-clínicos (in vitro e in vivo) e clínicos (em humanos). Pittella acrescenta que projetos de pesquisa são os primeiros passos para o desenvolvimento de novos fármacos e novas terapias. “O projeto só foi idealizado após a liberação de linhas de financiamento. Atualmente temos o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).
Porém, é necessária a participação da comunidade, de todos os profissionais, para que atinja mais pessoas. Estamos abertos a receber ajuda de todos os tipos, entidades públicas, privadas, das pessoas que tem interesse em combater a doença”, conclui.