MAMM apresenta duas novas exposições

Um continente e uma história. No trânsito do século XIX para o XX, a Europa sonhava com a belle époque progressista, mas acordava com o pesadelo de duas guerras mundiais e com o terror de sistemas políticos genocidas. Antenas da raça, os artistas acompanharam a mudança no espírito do tempo, inaugurando a modernidade na arte, e, para nossa sorte, um poeta brasileiro acompanhava de perto essa transição. A exposição “Modernidade Europeia”, em cartaz no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) apresenta, através do acervo do patrono,  diversas fases dessa transição na história da arte.   

De caráter didático, sem perder o valor estético, “Modernidade Europeia” apresenta, através de uma linha do tempo, 23 obras de 19 artistas europeus, num recorte temporal de 82 anos que começa em 1888 e segue até 1970. Uma peculiaridade da mostra é focar a transição de escolas através da técnica da gravura em suas diferentes aplicações (litografia, xilografia, gravura em metal, serigrafia e outras).   

A angulação temporal abarca três grandes escolas (Expressionismo Alemão, Abstracionismo e Construtivismo), com alguns subgêneros, tal como são encontrados na coleção do poeta. No conjunto expressionista estão as obras de James Ensor e George Rouault, em que sobressai o tom carregado, com visões irônicas e até bárbaras  do homem e seu vícios. Ainda no ramo expressionista encontram-se as subcategorias  surrealista, com os trabalhos de Max Ernst e Joan Miró, e metafísica, com um exemplar dos famosos Manequins, do italiano Giorgio De Chirico.   

No recorte Abstracionista, as obras de Vieira da Silva e Alfred Manessier, representando a Escola de Paris, o Abstracionismo Lírico de Antonio Corpora e a chamada Arte Informal de Gieuseppe Capogrossi. Destacam-se neste ramo também as obras de  Achille Perilli, Giulio Turcato e Piero Dorazio que, juntos com outros artistas, formaram o coletivo italiano Gruppo Forma 1. De convicção marxista, o grupo buscava uma mediação entre abstracionismo e realismo através de uma arte centrada na busca pela essência das formas, evitando imiscuir sentidos simbólicos ou psicológicos em seu trabalho.

O itinerário cronológico chega ao Construtivismo, elencando nomes importantes do Cubismo, com obras de Pablo Picasso e Georges Braque, e com o Futurismo de Gino Severini e o Tubismo de Fernand Léger. Nesta seção também estão obras que guardam algo do espírito mais contemporâneo da arte nos trabalhos de Op Art de Victor Vasarely e os representantes da associação internacional Abstraction-Création, que buscava superar de vez o figurativo, afirmando a abstração como caminho. Do grupo constam os trabalhos de Hans Arp e Alberto Magnelli.

Como ressalta o texto de apresentação de Modernidade Europeia, embora a gravura não fosse a técnica preferida da maioria dos artistas reunidos na mostra, a produção deste tipo de trabalho aponta para uma questão tipicamente europeia na transição do século que a contrapunha à arte que a antecedia. E que questão era esta? A democratização da arte.

Se até determinado período da história uma obra de arte era única e ficava sob a guarda de seu dono, podendo ser vista apenas em seu restrito ambiente de posse ou exposição, os recursos técnicos da gravura permitiam a produção em série. A obra poderia ser compartilhada por mais de uma pessoa. Neste sentido, a linguagem gravurística representava uma possível solução para alguns impasses das artes visuais na primeira metade do século. Era uma linguagem afinada com a vanguarda artística e política. Era o sopro do tempo para uma terra devastada. Na gravura, a velha Europa descobre a Modernidade. 

Exposição homenageia aniversário de 90 anos do movimento literário Verde

A incompreensão é uma lástima, mas o esquecimento é uma tragédia. O impacto da Semana de 22 sobre a literatura brasileira com a proposta modernista é assunto arquiconhecido e consta de todos os manuais sobre a produção nacional. O que às vezes é injustamente esquecido nesta história é que jovens mineiros de Cataguases, sob inspiração daquele grupo, tornou célebre o modernismo por estas terras. Justa homenagem e lembrança é a que presta a exposição “Juiz de Fora Verde”, em cartaz na Galeria Poliedro do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM).

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Com seis edições – as cinco primeiras publicadas entre setembro de 1927 e janeiro de 1928, e a última em maio de 1929 – a Verde surgiu liderada pelo escritor Rosário Fusco, na época com 17 anos, reunindo em suas páginas poesia, crônica, conto, crítica e artes visuais. Em sua lista de colaboradores constam vultos nacionais, como os nomes de Mário de Andrade, Marques Rebello, Aníbal Machado, Sérgio Milliet, além de trabalhos de artistas da região. Neste aspecto, a mostra “Verde, 1927 – 2017” enfatiza a colaboração de artistas juiz-foranos ou radicados na cidade, cujos trabalhos ganharam notoriedade na publicação.

Enquanto as vitrines, no centro da galeria, expõem as edições da revista, suas respectivas capas estão reproduzidas nas paredes. Também são reproduzidos poesias e textos dos juiz-foranos citados. Aparecem ali as figuras de Edmundo Lys, Murilo Mendes, Austen Amaro e Roberto GIl. Deste último, o respectivo texto é acompanhado de um retrato seu feito pela artista Nívea Bracher.

Algo também a destacar na mostra é a reprodução de dois desenhos de Pedro Nava, publicado no livro Juiz de Fora, Poema Lyrico, de Austen Amaro, que recebeu uma crítica elogiosa nas páginas da revista.

“Juiz de Fora Verde” é uma necessária redescoberta da importância histórica de uma plêiade de homens que, mesmo ainda jovens, floresceram no objetivo de ver nascer novas formas e cores na arte mineira. 

Exposição Modernidade Europeia e Juiz de Fora Verde

Local: Rua Benjamin Constant, 790, Centro, Juiz de ForaMuseu de Arte Murilo Mendes

Visitação de terça a sexta, das 9h às 18h sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h

Entrada Franca

Outras informações: 3229-9070 (MAMM)

Fonte: Assessoria 

 

 

 




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