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Nossa cidade possui alguns cemitérios na área urbana – próximo ao centro, nos bairros mais à periferia e em comunidades da zona rural. Durante muito tempo, no início da ocupação de nosso território, era hábito o sepultamento de pessoas do clero e outras afortunadas – grandes contribuintes das causas religiosas – no interior dos templos e em suas imediações. A posição social do morto era um grande indicativo pra ingressar o defunto no entorno da capela que frequentava. O mesmo acontecia em muitas cidades espalhadas por todo o Brasil.

Existem, em templos católicos de Juiz de Fora, várias situações de religiosos ali dentro sepultados.

Havia um cemitério – não se sabe onde – no antigo Morro da Boiada que é, hoje, a região ocupada pelo bairro Santo Antônio. Por lá passava o Caminho Novo da Estrada Real. O lugar foi o berço das primeiras moradias da futura cidade. Também existia ali uma capela dedicada a Santo Antônio de Lisboa e muitos casebres e vendas espalhados pelos morros. As construções mais próximas eram a casa principal da fazenda do Juiz de Fora (demolida na segunda metade dos anos 40, ela ficava exatamente onde existe hoje a Boate Sayonara, nos Santos Anjos) e a casa do alcaide-mor (o ainda existente sobrado da Fazenda da Tapera, perto do Cemitério Parque da Saudade, em Santa Terezinha).

Com a construção da Estrada Nova (ou Estrada do Paraibuna), pelo engenheiro alemão Henrique Halfeld, abrindo a atual Avenida Rio Branco (antiga Rua Direita ou Rua Principal) em direção ao Alto dos Passos e Graminha, a velha capela da Boiada foi transferida com a imagem do santo padroeiro para o cume de uma elevação na nova via. Surgia ali, em 1847, a Capela de Santo Antônio de Juiz de Fora. Junto a ela havia um cemitério e muitos habitantes da vila foram nele enterrados.

O vigário local era o Padre Tiago Mendes Ribeiro. Coube a ele a construção da nova Igreja matriz que deu origem à atual Catedral Metropolitana, na quadra cercada pela Avenida Rio Branco, Rua Santo Antônio, Rua Fernando Lobo e Rua Espírito Santo, inaugurada em 1866.

Em 1855, surgiu um movimento na Câmara Municipal visando transferir o cemitério da Matriz para as margens da Estrada União e Indústria. Os vereadores de então lutaram muito contra a teimosia do Padre Tiago, resistente ao fim dos enterros ao lado da capela. Os legisladores pediam que se cessassem os enterramentos no lugar e ameaçavam queixar-se ao bispo de Mariana. Uma epidemia de cólera atingia o Rio de Janeiro e se avizinhava de nossa cidade. Médicos, farmacêuticos e políticos locais julgavam ser inadiável a providência de se fazer um campo santo longe do centro urbano. Uma grande campanha fizeram e muitos subscreveram com generosas contribuições financeiras. O terreno foi comprado e, em 1864, era inaugurado o Cemitério Nossa Senhora Aparecida, o conhecido “cemitério municipal”.

Quando o engenheiro Gustavo Dodt, em 1860, elaborou a primeira planta da cidade com as ruas e quadras do centro, ele havia previsto que o cemitério ficaria no início da Rua Santo Antônio, nas proximidades da atual Rua Benjamin Constant. Sua intenção não foi sequer adiante. Ficou tão somente no projeto e o lugar dos mortos seguiu mesmo para o Poço Rico.

Portanto, até então, os sepultamentos se davam nas imediações da atual Catedral Metropolitana.

Nas imagens, vemos dois momentos da Matriz de Santo Antônio.




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