Queda acentuada de cabelo, olheiras que chegam até a boca, irritação prolongada, dores em cada parte do meu corpo, indisposição, cansaço, mau humor, vontade de comer o mundo e até de matar alguém. Os sintomas revelam um problema que enfrento há alguns meses: TPED ou, melhor dizendo, Tensão Pré-Entrega de Dissertação.

Olha, vou contar uma coisa: se me recordo de quem disse que fazer um mestrado era uma delícia, eu juro que esgano! Sinceramente, há tempos que meu cérebro não se desconecta de livros, artigos, pensadores, entre outros. O Google virou meu BFF (Best Friend Forever) nesta jornada.Os autores que já li e os que estão na fila vêm me perturbar até nos meus sonhos, dizendo que merecem mais atenção. Outro dia, acordei num sobressalto achando que tinha esquecido de escrever um parágrafo importante de um texto que ainda nem comecei a digitar. Sim, o nível de insanidade está no ápice.

Já pensei em jogar tudo para o alto umas mil vezes. E ainda irei cogitar isso mais umas duas mil. Felizmente, tenho recebido muito apoio: “Calma, é só uma fase, ela vai passar”, “Você já fez o pior (não sei de qual pior as pessoas estão falando…)”, “Em breve vai colher os frutos”, “Nem pense em desperdiçar o dinheiro que já investiu, porque sou capaz de dar na sua cara!” e por aí vai.

O processo tem sido lento, estressante, cansativo, solitário. Parece que cada passo adiante significa dois para trás… É um labirinto sem fim. Dizem meus colegas que a situação deles é semelhante e me pergunto: como ninguém ainda não tentou arrancar os cabelos ou coisas do gênero? O fato é que estou tão perto, mas ao mesmo tempo, tão longe!

Esses são meses definitivos, que segundo dizem ficarão marcados – a meu ver, neste momento, pelo fato de não poder lavar a cabeça mais de três vezes na semana, devido à queda de cabelo – por um processo de amadurecimento necessário. Ah, e para me deixar ainda mais desesperada, estou na nossa Manchester Mineira, tão próxima de amigos e familiares e, ao mesmo tempo, distante como se estivesse em Lisboa, porque os textos têm impedido que eu saia de casa.

Em tese, tudo dando certo, despacho este trabalho até o final de setembro. Até lá, não sei de mais nada. Espero encontrá-los na próxima coluna com relatos mais otimistas. Até lá (assim espero).




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