Nesta quinta-feira, 24, é comemorado o Dia da Infância, instituído pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A data é uma boa ocasião para lembrar aos pais e cuidadores sobre a importância de se propiciar uma alimentação saudável às crianças desde o berço. Esta prática, inclusive, pode reduzir o risco de doenças que têm se tornado cada vez mais comuns entre os pequenos em todo o mundo, como a obesidade, a hipertensão e o diabetes.
Os cuidados devem começar desde o nascimento do bebê. Nos seis primeiros meses de vida, o leite materno fornece todos os nutrientes que a criança precisa, sem a necessidade de alimentação complementar. Dos seis meses em diante, é hora de agregar novos alimentos ao cardápio infantil. A dica é abusar dos alimentos naturais, como frutas, legumes, verduras, tubérculos e carnes, que devem ser introduzidos de forma lenta e gradual. Guloseimas e produtos industrializados estão fora da lista.
Mãe de Iolanda, de 3 anos, a jornalista Letícia Murta seguiu essas orientações ao pé da letra. “Até os seis meses, Iolanda só consumiu leite materno. Nem mesmo água ela tomou. Antes de um ano, ela não comeu nada industrializado, com adição de açúcar ou sal. As comidas eram temperadas com ervas e especiarias. Continuei amamentando até ela completar dois anos e, após essa idade, permiti que provasse doces e industrializados, mas ainda hoje esses itens são controlados”, conta.
A preocupação em oferecer uma alimentação de qualidade para Iolanda também foi determinante na hora de escolher a escolinha para a filha. “Lá, eles possuem um quintal enorme, com várias árvores frutíferas, e as crianças têm a oportunidade de colher a fruta, comer do pé, fazer um suco com limão colhido. Eles também oferecem aulas de culinária com alimentos saudáveis e é proibido enviar qualquer produto industrializado”, afirma Letícia, que mantém vários canais de comunicação nas redes sociais com informações ligadas à maternidade.
“Mesmo com a alimentação complementar, a amamentação em livre demanda deve ser mantida até dois anos ou mais, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS)”, ressalta a nutricionista Nathália Beltrão, referência técnica em Alimentação e Nutrição da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
O QUE EVITAR
A alimentação complementar oferecida de forma inadequada também pode resultar em problemas como anemia, excesso de peso e desnutrição. “Alimentos com grandes quantidades de açúcar, gordura e corantes devem ser evitados, pois podem prejudicar a qualidade da dieta, resultando no aumento do peso e na ingestão deficiente de micronutrientes”, alerta Nathália.
Apesar de suas excelentes propriedades medicinais, o mel também não deve ser consumido por crianças com menos de um ano. Se contaminado, ele pode levar ao botulismo, assim como o palmito e os picles em conserva, além de alimentos embutidos como salsichas, salames, presuntos e patês.
Já o consumo de sal em excesso está associado ao aparecimento de hipertensão arterial, inclusive na infância, e consequente aumento no risco de doença cardiovascular, quando adulta. Há diversas opções de ervas e vegetais que podem ser utilizados, como alho, cebola, tomate, pimentão, entre outros ingredientes.
ALIMENTOS REGIONAIS
E não é preciso desembolsar muito dinheiro para montar um cardápio saudável que cabe no bolso da família. “Ao orientar o planejamento da alimentação da criança, os profissionais de saúde devem respeitar os hábitos alimentares e as características socioeconômicas e culturais da família, bem como priorizar a oferta de alimentos regionais, levando em consideração a disponibilidade local de alimentos”, destaca a nutricionista.
MINAS EM DESTAQUE
O Ministério da Saúde lançou, em 2012, a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no SUS – Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, que tem como objetivo reforçar e incentivar a promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar como atividade de rotina das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Nesse contexto, o papel do Estado é capacitar profissionais de saúde que se tornem tutores da estratégia nos municípios.
No Brasil, foram realizadas 245 oficinas para a formação de 4.572 tutores. De acordo com a SES-MG, Minas Gerais tem o maior número de tutores do país. No estado, foram realizadas 55 oficinas, que resultaram na formação de 873 tutores em 318 municípios. Cada um responde por uma UBS e é responsável por repassar as informações aos demais profissionais de saúde da unidade que vão orientar os pais e cuidadores das crianças. Hoje, o estado possui 5.765 profissionais de saúde da atenção básica qualificados em 454 UBS.
Fonte: Agência Minas