Mais de cinco mil juiz-foranos portadores de diabetes sofrem com a falta de fitas glicêmicas no SUS

A vida por um triz. Esta é a situação de muitos moradores de Juiz de Fora, portadores de diabetes, que estão sofrendo as consequências da falta de fitas glicêmicas – fundamentais para o teste rápido de glicemia – nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). O assunto foi pauta das discussões levantadas na tarde dessa quinta-feira, 17, durante audiência pública proposta pelos vereadores Júlio Obama Jr. (PHS) e Marlon Siqueira (PMDB).

“Até 2015, todos os nossos pedidos eram atendidos”, inicia a secretária de Saúde Elizabeth Jucá. “Temos em torno de 5.500 juiz-foranos cadastrados no Sistema Integrado de Gerenciamento da Assistência Farmacêutica (Sigaf). A insulina é responsabilidade da União, que manda o recurso para o estado. Este, por sua vez, compra e distribui o medicamento. Já as fitas glicêmicas vêm direto do estado, que, em 2016, publicou uma resolução da Comissão Intergestores Bipartites (CIB) dizendo que a responsabilidade deles pelo encaminhamento das tiras deve ser feito até o valor de R$0,50 por habitante/ano”, explica Jucá.

Entretanto, a secretária destaca que esse valor fixado pelo estado está muito abaixo da necessidade do município. “Isso dá para apenas um mês e meio de tiras dos cadastrados no Sigaf. Com essa medida de 2016, houve um ‘subfinanciamento’. A nossa obrigação é fornecer a seringa e a lanceta. A compra desses itens, anualmente, deveria ficar em R$263 mil para os cofres públicos, mas estamos gastando quase R$500 mil. Vale dizer que 50% da assistência farmacêutica, que não é da nossa competência, vem de recursos do tesouro. Caso tivéssemos que assumir a responsabilidade do estado, teríamos um gasto, a mais, de quase de R$2 milhões. Não temos como arcar com essa despesa que é obrigação do estado”, explica.

Aqueles que possuem diabetes tipo 1 precisam realizar a medição da glicemia três vezes ao dia, e os do tipo 2, apenas uma vez. Nilza Lúcia da Silva Galdino, de 64 anos, moradora do bairro Cidade do Sol, na zona Norte, é uma das que se enquadram no primeiro caso. “Esse tipo de diabetes é muito difícil de controlar. Antes de comer qualquer coisa, preciso fazer o teste”, conta Nilza, destacando que o posto de saúde de seu bairro não tem disponibilizado as fitas. “Estou com hemorragia na vista. Tenho medo do que pode acontecer comigo. Minha mãe faleceu há cerca de 10 anos por causa dessa doença. Ela chegou a ficar cega antes de morrer. Os nossos gestores precisam encontrar uma solução para resolver esse impasse com o estado”, finaliza Nilza, que, durante seu apelo na audiência, se emocionou ao relembrar do drama da mãe.

DIFICULDADE EM TODO O ESTADO

A presidente do Conselho Municipal de Saúde, Regina Célia de Souza, explica que o problema da falta de fitas glicêmicas atinge diversas cidades do estado. “Constantemente estou em contato com os líderes de outros municípios, e os mesmos relatam que as unidades de saúde não têm oferecido as fitas para medição. É uma situação grave, já que, dependendo do grau da doença, muitas pessoas precisam medir mais de uma vez por dia. Não adianta ter a insulina e não ter a fita. A recorrência da falta de apuração no momento certo pode ser fatal para as pessoas inseridas no grupo de risco”, esclarece.




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