Deus é Verbo, e o Verbo alojado em nós é a nossa Vida. A esse Verbo damos o nome de natureza divina (ou natureza búdica). O Verbo é criador, e ecoa no céu e na terra.
Por isso, ao fato de algo passar a ser (existir), em japonês, diz-se naru (ser), verbo que tem um homófono que significa “ecoar”, “soar”, “fazer-se ouvir”. A palavra natureza (sei, em japonês) utilizada nas expressões que significam “natureza búdica” e “natureza divina”, também significa “ser” (naru, em japonês). O termo hitotonari (natureza, índole) representa a natureza verdadeira inata do homem; é o “ser” (nari), ou seja, é o Verbo, é Deus, é natureza búdica.
Buda, em japonês, diz-se Hotoke, palavra que pro-vém do termo hodokeru (desprender-se, desamarrar-se), e, portanto, significa “aquele que se desprendeu das ilusões e alcançou a Iluminação”. No Nehankyõ (Sutra do Nirvana) está escrito: “Desprender-se é tornar-se Buda”. Ser Buda (Hotoke) não significa tornar-se cinza ou desintegrar-se, ficando sem forma e sem nenhuma força. Se assim fosse, seria melhor não se tornar Buda.
Num poema tido como budista, existe um trecho que diz: “Reunindo as palhas e amarrando-as, faz-se uma choupana; desatando-as, fazemo-las voltar a ser palhas como antes”. Este não pode ser, absolutamente, um poema do budismo, pois isso significa o mesmo que afirmar: “Pela reunião e agrupamento de moléculas, forma-se um ser humano; com a desagregação, elas voltam a ser as moléculas de antes”. Tal afirmação não passa de uma teoria materialista que considera o homem como simples agregado de particulas materiais. O budismo não é, em absoluto, uma teoria materialista. “A força que atrai e reúne as coisas é força de Buda, a qual, mesmo depois da desagregação dos componentes materiais, continua a viver”. Esta, sim, é a teoria budista.
A força que reúne em determinada forma as molé-culas que compõem o corpo humano, e depois a estrutura para formar cada ser humano; não é a própria força da matéria. Mesmo que se injete nutrientes em um cadáver, não será possível estruturar os seus elementos de modo a tomarem a forma humana; o cadáver irá se decompor e se desintegrar completamente. Contudo, se injetarmos nutrientes em qualquer organismo vivo, a Vida desse ser, resistindo à degradação natural da matéria, trabalhará ativamente para dispor os elementos desse alimento segundo a ideia que a Vida abriga dentro de si. Assim, se esse organismo for um ser humano, a sua Vida trabalhará para que os elementos absorvidos tomem a forma da ideia que ela abriga dentro de si, ou seja, a forma humana; se esse organismo for um cão, a sua Vida trabalhará para dar a forma canina com os elementos absorvidos, de acordo com a ideia que ela abriga dentro de si, e assim por diante.
Essa ideia que se abriga no âmago da Vida é o próprio Verbo de Deus, o Verbo com o qual Deus criou o mundo, dizendo: “Assim será”. Quando confiarmos plenamente na força modeladora da Palavra (Verbo) de Deus, nosso corpo será modelado na mais perfeita forma.
O Verbo é vibração da Vida que preenche o Uni-verso; podemos dizer que o Universo é uma grandiosa sinfonia executada por Deus, e que cada um de nós, seres humanos, é um instrumento musical que integra a gran-diosa orquestra de Deus. Por essa razão, se vivermos em consonância com a sinfonia do Universo, em vez de cada qual soar isoladamente, a vibração da nossa Vida será muito mais perfeita e harmoniosa. Nossa Vida será, então, preenchida de paz, saúde, sabedoria, amor e provisão ilimitada, e será tão perfeita quanto a sinfonia de Deus.
Deus é Verbo, é ritmo. Por isso, quando trabalhamos, descansamos, dormimos, pensamos e sentimos em consonância com o ritmo de Deus, sintonizamos com a vibração da infinita Vida do Universo e, portanto, esta-remos sempre saudáveis e não nos cansaremos. A alternância entre o dia e a noite, os ritmos da respiração, da pulsação do coração etc., devem estar perfeitamente em harmonia com o ritmo do Universo.