A depressão e a ansiedade já são consideradas os principais males do século 21, relacionadas, principalmente, a uma sociedade mais imediatista e a um estilo de vida onde se trabalha muito e há pouco espaço para o prazer e a diversão. Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 322 milhões de pessoas no mundo têm depressão, com um crescimento de 18,5% nos últimos dez anos.
No Brasil, o problema afeta 5,5% da população, acima da prevalência mundial, que é de 4,4%, impactando a vida de 11,5 milhões de brasileiros. Ainda de acordo com a OMS, a depressão é a principal causa de suicídios no mundo, com cerca de 800 mil casos por ano.
Segundo a psicóloga Rafaela Duque de Almeida, a pessoa é diagnosticada com depressão quando tem, durante algumas semanas, o humor deprimido ou irritado. No caso das crianças, os sintomas são a perda de energia, alterações no peso, a diminuição do prazer em atividades com as quais costumavam se divertir, além de pessimismo e choros mais frequentes. “É comum as pessoas sentirem tristeza quando algo dá errado na vida, como quando a pessoa sofre uma perda ou está passando por uma dificuldade. Mas quando ela não consegue sair dessa situação, torna-se depressão”, afirma Rafaela.
Já a ansiedade, de acordo com a psicóloga, tem como sintomas físicos tontura, sensação de desmaio, falta de ar, dor de barriga e tensão muscular. No psicológico, a doença se reflete no nervosismo, no medo constante, na sensação frequente de que algo de ruim vai acontecer e na preocupação exagerada. “A ansiedade é uma coisa que é normal sentir antes de um prova ou entrevista de emprego, é natural que a pessoa sinta um desconforto. Porém, ela tem que observar quando esses sintomas são muito exagerados a ponto de impedí-la de realizar a atividade, ou quando ela tem os sintomas sem nenhum motivo”, informa. A psicóloga ainda ressalta que os sintomas variam de pessoa para pessoa.
Rafaela orienta a pessoa procurar ajuda médica ao sentir as primeiras manifestações das doenças, para evitar que elas se agravem. “O auxilio médico é fundamental para os sintomas não se agravarem. Na depressão os sintomas podem levar ao suicídio. O ideal é sempre procurar ajuda médica e psicológica para ser feito uma avaliação e resolver o problema”, ressalta.
A psicóloga ainda reforça como a terapia pode ajudar no tratamento das patologias. “A terapia cognitiva comportamental trabalha com a cognição e comportamento do paciente, trabalha com a reestruturação cognitiva, com a visão do mundo, crenças e pensamentos, ajuda a perceber o que está acontecendo e, no caso da ansiedade, ensina a fazer a respiração diafragmática, que é uma maneira de sair de uma crise de forma rápida”, completa.
ATENDIMENTO PELO SUS
A Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), através do Departamento de Saúde Mental, oferece auxílio para as pessoas que sofrem com as doenças. “As pessoas com ansiedade e depressão passam por um acolhimento por uma equipe no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e a partir daí é identificada a gravidade do quadro. Em casos graves, quando a impedem de trabalhar e a pessoa precisa de uma reabilitação, ela é tratada no próprio CAPS e, nos casos mais leves, é feito uma prescrição e ela faz o tratamento na atenção básica, sendo supervisionada pela equipe de Saúde Mental”, explica a gerente do departamento de Saúde Mental Andréia Stenner.
Segundo Andréia, cerca de 70% a 80% dos atendidos nos CAPS são quadros que tem essas patologias. A pessoa que necessitar de buscar ajuda da PJF deve ir até a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para ser encaminhada ao CAPS.