AS NOVAS REGRAS ORTOGRÁFICAS: O QUE MUDOU E COMO EU ME VIRO COM ISSO TUDO!

Em 2009, o Acordo Ortográfico de 1990 foi enfim colocado em vigor no Brasil (e nos demais países de Língua Portuguesa). Inicialmente, foi estabelecido um período em que já vigorariam as novas regras, mas em que as anteriores ainda poderiam ser usadas, numa espécie de período de adaptação. Esse período, inicialmente, foi estipulado para a partir de 1º de janeiro de 2013. Depois, foi aumentado para 1º de janeiro de 2016. Enfim, nesta data, a nova regra entrou definitivamente em vigor, sem ressalvas ou coexistência.

As alterações são quase insignificantes do ponto de vista estatístico. No Português Brasileiro, cerca de apenas 0,7 % do vocabulário foi “afetado” pelas novas regras. Mas mudar a ortografia é algo complicado para uma língua, para os falantes, pois aspectos importantes da língua e da Fonologia/Fonética podem ser descaracterizados.

Na Língua Inglesa, apenas uma reforma foi feita, marcando o “oldenglish” e o “new english”. Isso apenas por conta da novidade de Gutenberg. No Brasil, por sua vez, já tivemos muitas reformas ou algo parecido.

Veja um resumo da cronologia dessas discussões no Brasil.

CRONOLOGIA DAS REFORMAS ORTOGRÁFICAS NA LÍNGUA PORTUGUESA

• Séc XVI até ao séc. XX – Em Portugal e no Brasil a escrita praticada era de caráter etimológico (procurava-se a raiz latina ou grega para escrever as palavras).
• 1907 – A Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas publicações.
• 1910 – Implantação da República em Portugal: foi nomeada uma Comissão para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme, para ser usada nas publicações oficiais e no ensino.
• 1911 – Primeira Reforma Ortográfica: tentativa de uniformizar e simplificar a escrita de algumas formas gráficas, mas que não foi extensiva ao Brasil.
• 1915 – A Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia com a portuguesa.
• 1919 – A Academia Brasileira de Letras revoga a sua resolução de 1915.
• 1924 – A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começam a procurar uma grafia comum.
• 1929 – A Academia Brasileira de Letras lança um novo sistema gráfico.
• 1931 – Foi aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre o Brasil e Portugal, que visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa, contudo não foi posto em prática.
• 1938 – Foram sanadas as dúvidas quanto à acentuação de palavras.
• 1943 – Foi redigido, na primeira Convenção Ortográfica entre Brasil e Portugal, o Formulário Ortográfico de 1943.
• 1945 – O acordo ortográfico tornou-se lei em Portugal, mas no Brasil não foi ratificado pelo Governo. Os brasileiros continuaram a regular-se pela ortografia anterior, do Vocabulário de 1943.
• 1971 – Foram promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal.
• 1973 – Foram promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as divergências ortográficas com o Brasil.
• 1975 – A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboram novo projeto de acordo, que não foi aprovado oficialmente.
• 1986 – O presidente brasileiro José Sarney promoveu um encontro dos sete países de língua portuguesa – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe – no Rio de Janeiro. Foi apresentado o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
• 1990 – A Academia das Ciências de Lisboa convocou novo encontro juntando uma Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. As duas academias elaboram a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O documento entraria em vigor (de acordo com o 3º artigo do mesmo), no dia 1º de Janeiro de 1994, após depositados todos os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo português.
• 1996 – O último acordo foi apenas ratificado por Portugal, Brasil e Cabo Verde.
• 2004 – Os ministros da Educação da CPLP reuniram-se em Fortaleza (Brasil), para propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mesmo sem a ratificação de todos os membros.

As justificativas principais para essa última reforma foram:
– redução dos custos de produção e adaptação de livros;
– facilitação na aprendizagem da língua pelos estrangeiros, e
– simplificação de algumas regras ortográficas.

O acordo foi aprovado e já está em pleno vigor! Seguem a seguir algumas mudanças. No próximo domingo, teremos a continuação dessas regras!

*ALFABETO

A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial. Há muito tempo as letras “k”, “w” e “y” faziam parte do nosso idioma, isto não é nenhuma novidade. Elas já apareciam em unidades de medidas, nomes próprios e palavras importadas do idioma inglês, como:
– Km – quilômetro,
– Kg – quilograma,
– Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros.

*TREMA

Não se usa mais o trema em palavras do português. Quem digita muito textos científicos no computador sabe o quanto dava trabalho escrever linguística, frequência. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bündchen não vai deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem alemã (neste caso, o “ü” lê-se “i”)

– Não é preciso usar o acento diferencial para distinguir:
*Para (verbo) de para (preposição)
EX: “Esse carro velho para em toda esquina”.
“Estarei voltando para casa daqui a uma hora”.

*Pela, pelo (verbo pelar) de pela, pelo (preposição + artigo) e pelo (substantivo)

*Polo (substantivo) de polo (combinação antiga e popular de por e lo).

*Pera (fruta) de pera (preposição arcaica).

A pronúncia ou categoria gramatical dessas palavras será verificada de acordo com o contexto.

*ACENTO AGUDO

– Ditongos abertos “ei”, “oi”
Não se usa mais acento nos ditongos ABERTOS “ei”, “oi” quando estiverem na penúltima sílaba.
Ex: He-roi-co / ji-boi-a / as-sem-blei-a / i-dei-a /pa-ra-noi-co / joi-a

OBS: Só vamos acentuar essas letras quando vierem na última sílaba e se o som delas estiverem aberto.
Ex: Céu / véu / dói / herói / chapéu / beleléu
Rei, dei, comeu, foi (som fechado – sem acento)

– Não se recebem mais acento agudo as vogais tônicas “I” e “U” quando forem paroxítonas (penúltima sílaba forte) e precedidas de ditongo.
Ex: feiura / baiuca / boiuno

– Não devemos mais acentuar o “U” tônico os verbos dos grupos “GUE/GUI” e “QUE/QUI”. Por isso, esses verbos serão grafados da seguinte maneira:
Averiguo (leia-se a-ve-ri-gu-o, pois o “U” tem som forte)/ Arguo / Apazigue / Enxague / Arguem / Delinguo

*ACENTO CIRCUNFLEXO

– Não se acentuam mais as vogais dobradas “EE” e “OO”.
Ex: Creem / Veem / Deem / Releem / Leem / Descreem / Voo / Perdoo / Enjoo

Colaboração Marco Antonio “Macarrão”, professor de Língua Portuguesa, Literatura e Discursivas




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