Oferecer lições de inovação e empreendedorismo, temperando realidade com ficção. Essa foi a proposta de Nilton Machado, diretor criativo e executivo da Multi – Inteligência Coletiva, uma startup de Campinas (SP) que lançou, em maio deste ano, o jogo “A Armadilha de Medeia”. Até junho, 217 jovens de 13 estados tornaram-se heróis para evitar catástrofes futuras. Como parte da proposta do game, os participantes tiveram que desenvolver projetos educacionais inovadores, que foram avaliados por especialistas do Brasil, EUA e Austrália. No fim de julho, a equipe The Boyolers, formada por cinco alunos da Escola Estadual Clorindo Burnier, de Juiz de Fora, foi finalista com o projeto educacional “Thoth Games”.
Na última etapa do jogo, os estudantes de Juiz de Fora competiram com equipes finalistas de Porto Velho (RO), João Pessoa (PB), Blumenau (SC), Sidrolândia (MS) e São Paulo (SP). A segunda temporada da competição está prevista para setembro deste ano.
Italo Gabriel de Almeida Costa foi um dos integrantes da equipe juiz-forana. “Um amigo no colégio ficou sabendo dessa novidade e me chamou pra fazer parte da equipe. O jogo nos ensinou a desenvolver o trabalho em grupo. Eu e meus amigos nunca tínhamos participado de nada semelhante. Também desenvolvemos uma boa interação com os participantes de outras cidades, com os quais trocamos muitas informações”, disse.
Ao final, a “The Boyolers” emplacou o terceiro lugar com um projeto de games voltado para o aprimoramento do desempenho dos estudantes, dentro de sala de aula, em todas as disciplinas. “O público-alvo são alunos dos ensinos fundamental e médio. Atualmente, estamos trabalhando em um protótipo com a finalidade de ter algo para apresentar. A primeira ideia é o desenvolvimento de um jogo que aborde a Segunda Guerra Mundial”, adiantou Italo. Caso consiga patrocínio, o grupo objetiva desenvolver outros jogos com finalidade educacional.
As três equipes vencedoras ganharam cursos online de inovação e empreendedorismo, mochilas e skates. A equipe vencedora, de Blumenau (SC), levou o prêmio de R$1 mil da Multi para prosseguir na implementação do projeto apresentado.
O RPG DO CONHECIMENTO
No jogo, com características semelhantes ao RPG, os participantes recebem mensagens do futuro que dão conta de uma catástrofe iminente. Em uma série de desafios, os jovens são estimulados a pensar sobre empreendedorismo, inovação, importância da pesquisa, trabalho em equipe, criatividade e resiliência.
“As informações recebidas no jogo têm relação direta com a realidade na qual estamos inseridos. Como exemplo podemos citar os problemas ambientais. Uma das referências do jogo é o aquecimento global”, conta o diretor criativo e executivo da Multi, destacando que, desta forma, “A Armadilha de Medeia” estimula a aquisição do conhecimento por meio do entretenimento.
A ideia para o jogo, no entanto, surgiu dentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde Nilton tornou-se mestre em Educação. “Durante meu mestrado pesquisei sobre formas de incentivar os adolescentes a buscarem o conhecimento. Ao longo do tempo criei projetos que considerassem o jogo [como ferramenta de acesso à informação], pois a maioria dos jovens curtem jogar videogame. Então, em ‘A Armadilha de Medeia’, resolvi juntar o entretenimento com o aprendizado de algumas competências e conceitos”, finalizou Nilton.