Juiz-forana recebe o primeiro transplante de fígado realizado na cidade

Menos tempo de espera na fila de transplante e o sonho de uma vida melhor podem deixar de ser promessas e se transformar em realidade para os juiz-foranos que aguardam um transplante de fígado. O primeiro foi realizado na moradora do bairro Bandeirantes, Desiree Mariano, de 28 anos, na sexta-feira, 4, no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira, 9, durante coletiva à imprensa local, que contou com a presença de profissionais da equipe de transplante da Santa Casa e do MG Transplantes, órgão regionalizado e responsável pela distribuição de órgãos no estado, sob coordenação da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

 

INVESTIMENTO

“Nos últimos 7 anos foram R$45 milhões investidos na Santa Casa de forma geral. Adquirimos, há um ano e meio, um laboratório de imunocompatibilidade. São apenas três em Minas. Só na época, ele custou quase R$ 1 milhão”, conta o médico cirurgião Gláucio Souza, ressaltando que, especificamente para a implantação do serviço de transplante de fígado, a Santa Casa contou com um investimento de cerca de R$1 milhão.

A médica hepatologista, Juliana Ferreira, explica que Desiree vem recebendo acompanhamento da equipe médica desde 2014, quando recebeu indicação para um transplante hepático. “Tentamos segurar a doença por dificuldades de logística e também locomoção [para outra cidade] da paciente”, pontua Juliana.

“O transplante de fígado é indicado nos casos de cirrose, quando o tratamento clínico já não é mais eficaz; câncer primário, diante da impossibilidade de procedimento cirúrgico; nos quadros de insuficiência hepática aguda ou, ainda, cirrose hepática. Neste caso, o paciente deve estar com, no mínimo, seis meses de abstinência de álcool”, pontua a médica hepatologista. No caso de Desiree, a necessidade do transplante foi determinada por conta de uma hepatite autoimune, o que ocasionou uma cirrose hepática.

 

“VIDA NOVA”

Após a realização do processo cirúrgico na semana passada, que durou cerca de 6 horas, Desiree Aparecida ficou três dias na UTI. Recentemente no quarto, ela ainda não tem previsão de alta. Segundo a equipe médica, o quadro de saúde dela é estável. “Fiquei muito feliz de poder realizar o transplante na minha cidade e, assim, poder ficar perto da minha família. Caso eu tivesse que ir pra Belo Horizonte, seria tudo mais complicado”, diz Desiree, que fala ainda da sensação de alívio. “Fiquei com um pouco de medo só quando entrei na sala de cirurgia, mas deu tudo certo. Antes do transplante eu tomava muito remédio e passava mal com frequência. Agora é vida nova”, conta Desiree, comemorando o fato de que, após a cirurgia feita com sucesso, foi pedida em casamento.

Gláucio Souza destaca que a fila de transplante tornou-se regional desde a semana passada, quando, efetivamente, a Santa Casa realizou pela primeira vez o transplante de fígado. “Agora, todo órgão doado na Zona da Mata será oferecido para Juiz de Fora. Caso não tenha alguém que possa recebê-lo, o mesmo será encaminhado a Belo Horizonte”, conta.

 

PROCESSO DE REGIONALIZAÇÃO

A regionalização é um projeto da MG Transplantes para aumentar o número deste tipo de procedimento e da doação de órgãos, além de permitir o acesso das pessoas que precisam dessa cirurgia, que, até então, só era feita na capital do estado.

Em 2016, a Santa Casa recebeu a visita de técnicos do Ministério da Saúde, que validaram o hospital para a realização do transplante de fígado. A autorização definitiva, porém, foi concedida em fevereiro de 2017. Logo após, a unidade realizou um cronograma de estruturação da enfermaria, do CTI, do centro cirúrgico e do ambulatório. “Nesta época começamos a captação de fígados para transplante. Em abril de 2017 já estávamos prontos para fazer o procedimento pela primeira vez. A médio e longo prazo teremos condições de fazer cerca de 20 a 30 transplantes de fígado por ano”, diz o cirurgião.

 

OUTROS TIPOS DE TRANSPLANTES JÁ REALIZADOS

A Santa Casa de Juiz de Fora completa neste mês 163 anos e foi pioneira em transplante na cidade, tendo realizado o primeiro (de rins) em 1983. Atualmente, o hospital tem habilitação para a realização de transplante não só de rins e fígado, mas também pâncreas e córneas. “Ao todo, a Santa Casa já realizou 850 transplantes de rim, sendo que 356 foram feitos após a criação da Unidade de Transplante em 2013”, finaliza Gláucio.




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