Para muito além do entretenimento e de uma explosão de brilhos e cores em performances eletrizantes abarcadas pelo luxo e o glamour, o Miss Brasil Gay 2017 está de volta após três anos de interrupção por falta de patrocínio. “Não é a orientação sexual que nos define, mas sim nossas atitudes enquanto seres humanos”, dispara André Pavan, coordenador-geral e diretor artístico do evento, que, este ano, acontecerá no sábado, 19 de agosto, às 21h, no Terrazzo Centro de Eventos. Vinte e sete candidatas, cada uma representando um estado brasileiro e o Distrito Federal, disputam a coroa. Como regra, os participantes devem ser homens. Não são admitidos travestis ou transexuais. Também é vedada pela organização qualquer intervenção cirúrgica com finalidade estética.
Para Pavan, o evento configura-se como espaço de representatividade na medida em que dá voz a um segmento da sociedade ainda pouco visibilizado. “Combatemos a homofobia por meio da arte, que não é só pra entreter, mas conquistar espaços para mostrar que todos somos iguais. Não gosto da palavra minoria e luto pra que ela não seja usada. O que deve existir é o ser humano, reconhecido por suas potencialidades”, avalia André.
O diretor artístico do evento destaca, além da militância, o impacto na economia da cidade, o que beneficia o desenvolvimento de diversos setores. “Em 2013, quando ocorreu o último concurso, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou uma pesquisa apontando que a cidade recebeu cerca de 12 mil turistas. Segundo os dados apurados, cada um deles gastou em média R$450, movimentando pouco mais de R$5 milhões na economia local”, ressalta.
EXPECTATIVAS
A organização do evento ressalta que o valor investido para a realização da festa foi de R$300 mil. “Para conseguir retomar o evento, tivemos o apoio da UFJF, que nos destinou parte da verba de um projeto da extensão voltado para o atendimento de atividades culturais. A Prefeitura também contribuiu com uma parte menor”, explica.
“No entanto, esse valor é, pelo menos, duas vezes maior do que o investido em 2013. Estamos voltando com um evento grandioso”, acrescenta Marcelo do Carmo, consultor do Miss Brasil Gay desde 2006. “É importante ressaltar que o evento não tem a obrigação de movimentar a economia. Isso dependerá da boa articulação, ou não, entre o empresariado da cidade e da capacidade deles prestarem um serviço de qualidade aos turistas. Logo, o sucesso financeiro, ou a falta dele, não pode ser creditado ao Miss Brasil Gay”, pontua Marcelo.
APRESENTAÇÃO DE ARTISTAS RENOMADOS
Quatro décadas de luta. Tudo teve início em 1976, quando o cabeleireiro Francisco Mota criou o evento em JF. Após somar esforços com outros movimentos que lutam a favor das minorias, na tentativa de assegurar direitos iguais para todo cidadão, hoje o Miss Brasil Gay ressurge. No setlist, as drag queens mais reconhecidas e influentes do país.
Ikaro Kadoshi, mestre de cerimônia e também diretor artístico do espetáculo, possui uma carreira internacional consolidada. Em junho deste ano, o artista teve seu nome divulgado na Billboard norte-americana, que elencou as 34 drag queens mais influentes do planeta. Kadoshi foi o único brasileiro na lista. Porém, nele reside a representatividade de milhares de artistas que não apenas “batem cabelo” (um jargão empoderador), mas que sonham em um dia serem reconhecidos para muito além de rótulos e estereótipos. Ainda neste mês, Kadoshi estreia como apresentador do programa “Drag Me as a Queen – Uma Diva Dentro de Mim!”, do canal E! Entertainment Television Brasil.
No time de performistas da noite estarão Rita Von Hunty, apresentadora do Canal E!; Sasha Zimmer, conhecida nacionalmente como cover da Beyoncé; Ava Simões, Miss Brasil Gay 2009; Alexia Twister, que já arrancou elogios de Lady Gaga ao fazer o cover de “Applause”; e Suzy Brasil, famosa na cena carioca, que também atua como roteirista em programas como Ferdinando Show e Vai que Cola, no canal Multishow.
SERVIÇO
Miss Brasil Gay 2017
Local: Terrazzo Centro de Eventos (Avenida Deusdedith Salgado, 5050)
Data/hora: 19 de agosto | 21h
Os ingressos, com opções de arquibancada, camarote e mesa estão à venda no Zine Cultural (R. Floriano Peixoto, 723 – Centro, Juiz de Fora), Zé Kodak (R. Halfeld, 608 – Centro, Juiz de Fora) e pelo site www.missbrasilgay.com.