Nestes tempos em que os perfis de viajantes se misturam, às vezes em uma mesma viagem, definir o que é um mochileiro é quase tão difícil quanto encontrar a teoria unificada do universo. “Mochileiros são os que viajam de mochila nas costas, por longos períodos”, definem uns. “Não, são os que vão de forma independente, mesmo que seja com uma mala de rodinhas”, retruca outra turma. “Mas há os que fazem viagens baratas e descomplicadas em roteiros definidos por agências”, lembra alguém. A única unanimidade nessa candente questão filosófica é a de que mochileiro merecedor da definição é o que se esforça para viajar barato.
PARA QUEM GOSTA DE ACAMPAR
– PARATY (RJ): O casario colonial preservado se soma à belezas das praias dos arredores e resulta em um combo matador para qualquer mochileiro. Quem quer ficar perto do agito prefere o Camping e tem um logo na entrada da cidade, equipado com TV a cabo e Wi-Fi. Se a ideia é curtir isolamento total e praias praticamente desertas, procure os campings nas vizinhas Trindade, Praia do Sono e Pouso da Cajaíba. Cachoeiras são muitas, para banhos refrescantes. Algumas têm difícil acesso, mas a beleza que encontramos ao chegar vale o esforço. A Cachoeira do Tobogã, por exemplo, fica 7,5 km do centro de Paraty e é uma das mais visitadas, ponto de parada da maioria dos Jeeps que levam os turistas para conhecer outras cachoeiras e alambiques de Paraty. Banhar-se numa cachoeira lava a alma e é um alívio para mochileiros.
– CHAPADA DOS VEADEIROS (GO): O clima dos passeios por cachoeiras e grutas combina muito com esse tipo de acomodação. Por isso, os campings são abundantes no entorno de Alto Paraíso e São Jorge, principais portas de entrada ao parque nacional: os campings Taiuá Ambiental e Viveiro são os mais queridos dos mochileiros. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é Patrimônio Mundial Natural da Humanidade (UNESCO) e um paraíso para os Mochileiros. A 1km da entrada do Parque Nacional fica o Povoado de São Jorge, que possui cerca de 1.000 habitantes, inúmeras cachoeiras e estrutura completa para o turismo, com pousadas, camping, hostel, restaurantes e lanchonetes, além de guias que podem levar os visitantes aos atrativos do lugar, que são muitos.
– GAROPABA (SC): Conhecida entre surfistas, a praia fica a apenas 90 quilômetros de Florianópolis e tem atrações além das ondas, como dunas e cachoeiras. O camping Lagoamar é dos mais completos da região: tem até recreação infantil na alta temporada. Já no inverno, quando começa a baixa temporada, as baleias francas chegam ao litoral catarinense e dão show para quem está na areia. De carro, dá para esticar até a agitada Praia do Rosa e também a quase intocada Guarda do Embaú. A Gamboa é a praia mais afastada de Garopaba, à cerca de 15km do centro do município, porém suas características começam no acesso: uma estrada de chão revela cenários que incluem vales, dunas, rios e um mar muito azul. A praia abriga uma comunidade nativa e hospitaleira que se dedica a pesca. Atrai pessoas que querem desfrutar de sossego em um local calmo e tranquilo. O mar oferece boas condições para a prática do surf e mergulho. Tudo que um mochileiro precisa.
ECONOMIZANDO
Algumas dicas são importantes para quem quer começar a organizar uma viagem com muita economia, regra número um de todo mochileiro: economizar e economizar muito!
– Mochileiro digno do posto vai precisar montar um orçamento econômico, depois olhar de novo para ele e fazer cortes, até transformá-lo em um orçamento hipereconômico. Na hora desse doloroso ajuste, é importante saber do que realmente você não abre mão. Há quem valorize mais a alimentação, tem quem não aceite dormir em quarto sem banheiro ou ar-condicionado. Definir onde dói menos facilita os cortes.
– Um bom jeito de começar o planejamento financeiro de um mochilão é escolher uma hospedagem, em cada destino, que satisfaça minimamente as suas necessidades, e cotar o custo médio da diária. Se o valor não cabe no orçamento, reduza a duração da viagem ou diminua as expectativas migrando para uma acomodação mais barata. A mesma lógica se aplica para estimar gastos com passeios ou transporte. Feito isso, dá para ter noção do gasto médio por dia.
– Na ânsia de poupar tostões, mochileiros amadores são chegados em fazer economias pouco sábias. Pesquise a melhor época para visitar o destino escolhido. De que adianta pagar pouco em um hostel pé na areia se a tarifa baratinha só é válida no período chuvoso? Fugir da alta temporada é sempre boa ideia, mas cuidado para não ir parar em lugares com pinta de cenários pós apocalípticos: tudo fechado, ninguém nas ruas, aquela “zumbilândia”.
– É importante pesar os prós e os contras de viajar sem reservas de hospedagem e passagens: você ganha em economia. Reservar com boa antecedência geralmente garante melhores tarifas.
– Ficar pouco tempo nos destinos, na ânsia de ver o maior número de lugares possível na mesma viagem, pode resultar em uma viagem muito apressada, cansativa e mais cara, pois o excesso de deslocamentos pode aumentar muito os gastos. Considere pelo menos duas noites em cada cidade para manter um ritmo confortável e seja generoso com grandes metrópoles, em que geralmente é possível passar semanas e ainda sair com a sensação de que faltou tempo. Na hora de montar o roteiro, encaixe bate e voltas a lugares que ficam até duas horas das bases e que podem ser visitados em uma tarde.
Semana que vem as dicas para mochileiro serão sobre hospedagem e transportes.