Profissionais lésbicas da UFJF são protagonistas de campanha contra o preconceito

Enxergar a beleza que existe no outro e que vai muito além da aparência física, do sexo e da sexualidade é algo raro na sociedade. Nesse universo “cego”, portanto, muitas pessoas ignoram os sentimentos e as potencialidades que residem no outro enquanto ser humano. O simples fato de ser mulher, por exemplo, já é considerado fator condicionante de estereótipos e preconceitos. Adiciona-se o fato desta mulher ser lésbica e outras cargas pejorativas e excludentes vêm à tona.

Na luta pela quebra dos padrões sociais listados na cartilha do “ser humano ideal”, a diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) promoveu a instalação de banners em todo o campus, chamando a atenção para a valorização e o respeito às mulheres lésbicas que são professoras, estudantes, técnicas-administrativas em educação e funcionárias terceirizadas da instituição. Nessa segunda-feira, 31, também foi lançado um vídeo no site da instituição, que destaca a atuação dessas profissionais, reforçando que a sexualidade não é algo inerente à capacidade individual.

No mês de agosto estão previstas exibições quinzenais, e mensais a partir de setembro, de filmes com temáticas LBT (Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Travestis). Edições da roda de conversa Lésbi e do Cine Sapatão acontecerão todos os meses até abril de 2018, sendo que o próximo encontro, com exibição de filme e debate, está previsto para o dia 24 de agosto, no Centro de Referencia de Direitos Humanos (Rua Vitorino Braga, 126, Centro). A programação será divulgada no site ufjf.br/educacomunicafeminismos.

Daniela Auad, professora da Faculdade de Educação da UFJF e coordenadora do grupo de pesquisa e coletivo Flores Raras, parceiro da Diaaf nas ações desenvolvidas pela campanha, chama atenção para o fato de que é muito comum que o segmento mais visibilizado da população LGBT seja o de homens gays. “Eles também sofrem homofobia, e esta deve ser combatida. No entanto, muitas vezes, mulheres do grupo LBT são colocadas em outra perspectiva. Elas são ‘secundarizadas’. A homofobia não é praticada da mesma maneira para todos os grupos. Existem especificidades de cada tipo de preconceito e do modo como as mulheres lésbicas, por exemplo, resistem, se fortalecem e criam redes entre si”, esclarece Daniela.

“É a primeira vez no Brasil que uma universidade atesta que parte de sua excelência é formada por um conjunto de mulheres lésbicas que fazem parte do seu quadro de profissionais. O vídeo produzido é um material é voltado à formação; à aquisição de conhecimento. Pedimos respeito para todas as mulheres, não apenas para aquelas que são lésbicas, é claro”, pontua a docente.

A campanha de visibilidade lésbica foi lançada no dia 28 de junho, na Faculdade de Educação, data na qual foi celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros). Na oportunidade, foram apresentados trabalhos acadêmicos e documentários produzidos na disciplina ‘Feminismos, Gênero e Intersecções: bons álibis para romper a ordem compulsória ou comprar uma boa briga’, ministrada por Daniela.

Mulher lésbica e casada, a docente revela que tornou-se militante do movimento feminista ainda no ensino médio. “O movimento LBGT tem suas origens no movimento feminista, pois combater a LGBTfobia é, em última análise, combater todo tipo de machismo e sexismo que existem no interior do sistema patriarcal e capitalista”, finaliza Daniela.

A professora da Faculdade de Enfermagem da UFJF, Vânia Bara, uma das profissionais retratadas nos vários banners dispostos pelo campus, destaca que, no dia 19 de agosto, é comemorado o Dia do Orgulho Lésbico. Já no dia 29 do mesmo mês é celebrado o Dia da Visibilidade Lésbica. “O vídeo da campanha traz o cotidiano de cada uma dessas mulheres e reforça um pouco do que elas são como seres humanos e que merecem ser respeitadas. A proposta é quebrar a invisibilidade das mulheres lésbicas na sociedade e gerar a reflexão sobre o fato desse grupo ser o mais vulnerável às várias formas de violência e preconceitos”.




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