A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se tornou a primeira instituição do país a produzir material institucional acessível às pessoas surdas. Dois tradutores e intérpretes de Libras integram o quadro de funcionários da Universidade há pouco mais de uma semana. O primeiro conteúdo produzido pela instituição com Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi um vídeo no qual é divulgada a seleção de 200 alunos para a especialização a distância em Tecnologias de Informação e Comunicação para o Ensino Básico. A publicação do material foi feita pela instituição na última quinta-feira, 27.
“Estes profissionais vão atuar nas traduções das principais atividades da UFJF, como palestras e conferências, além de darem suporte nas produções audiovisuais inseridas no canal da instituição no YouTube e divulgadas, também, no site e na página da Universidade no Facebook”, conta Márcio Guerra, diretor de Imagem Institucional da UFJF. “Inicialmente, os tradutores e intérpretes atuarão apenas na divulgação de eventos oficiais da reitoria e em atividades específicas, como colação de grau e recepção aos calouros”, complementa.
Um dos profissionais que auxiliarão na produção de material acessível ao estudante surdo é Gabriel Martins. Mestre em Diversidade e Inclusão pela Universidade Federal Fluminense (UFF), o tradutor e intérprete enfatiza a importância do trabalho que começou a ser desenvolvido há pouco tempo. “Trata-se de efetivar aquilo que é direito de todo cidadão: o acesso à informação e ao conhecimento. Com o auxílio da língua de sinais será possível romper as barreiras linguísticas”, enfatiza Gabriel, que, antes de assumir o novo cargo por meio de concurso público, lecionou, por quase um ano e dois meses, como professor substituto de Libras na Faculdade de Letras da UFJF.
O outro profissional tradutor e intérprete da língua de sinais, também efetivado por meio de concurso público, é Libni Salvador, bacharelando em Libras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “No início de agosto eu e o Gabriel estaremos presentes em uma colação de grau na Universidade fazendo a interpretação”, conta Salvador, referindo-se ao primeiro evento promovido pela instituição que garantirá mais acessibilidade aos surdos.
PRÓXIMOS PASSOS
O diretor de Imagem Institucional ressalta que a UFJF também está realizando estudos a fim de trabalhar a comunicação no campus por meio de materiais audiodescritivos. “A nossa proposta é, cada vez mais, aumentar a inclusão. O próximo passo será a favor das pessoas cegas. Num primeiro momento, esses materiais com audiodescrição também serão voltados apenas para a comunicação institucional”, explica Márcio Guerra.
Ainda segundo o diretor, a Universidade já sinalizou a intenção de, a longo prazo, estender a acessibilidade para surdos e cegos a todas as faculdades do campus. Para isso, a instituição teria que investir consideravelmente na contratação, por exemplo, de novos intérpretes e tradutores de Libras. “Mesmo sem recursos do governo federal, todas as instituições federais do país estão investindo de diversas formas na acessibilidade. Porém, na comunicação institucional, estamos largando na frente com a produção de conteúdos informativos audiovisuais”, finaliza.