A missão de salvaguarda da língua portuguesa é a principal obrigação da Casa de Machado de Assis. O terceiro milênio excita a imaginação e sentimos a necessidade de máxima atenção à língua portuguesa, um idioma dos mais respeitáveis, exigindo amplo entendimento.
Dos cerca de 280 milhões de falantes da língua portuguesa, 250 milhões são de nativos e 30 milhões de segunda língua. Somos a sexta língua mais falada no mundo, o que, infelizmente, não foi motivo ainda para que ela merecesse a sua oficialização na Organização das Nações Unidas – assunto que merece outro artigo. São muitos os cuidados para bem preservá-la, garantindo a riqueza do idioma.
Não se deve desprezar a norma culta de forma alguma, principalmente em nossas escolas. Quando os jovens são levados aos concursos, cada vez mais numerosos, o que vale é o padrão culto. O emprego desordenado dos computadores não melhorou em nada os textos dos alunos. Ao contrário, revela-se uma clara degradação, estimulada pelo que chamam de internetês. Isso os afasta da norma culta ou padrão da língua.
Para muitos estudantes, a língua portuguesa é difícil. Concordamos que tem lá os seus mistérios, mas o prazer em desvendá-los é primorosamente superior, principalmente quando encontramos pelo caminho um “mapa” para percorrê-lo. Em mais um livro virtuoso de Dad Squarisi, editora de Opinião do Correio Braziliense, a professora trata de questões espinhosas do nosso idioma, que ela chama de “pecados da língua”.
Na introdução do recém-lançado “Sete pecados da Língua”, da Editora Contexto, a autora explica o título: “Os sete pecados da língua figuram no time dos incontáveis. Impôs-se, por isso, limitar-lhes a abrangência.”
O livro denuncia os pecados mais graves e, o que é muito melhor, aponta o caminho para evitá-los. Cada tema mereceu uma lição. Crase, pontuação, concordância, regência, conjugação verbal, flexão nominal, artigo, pronomes, estilo, redação. Muitos são os tropeços da língua portuguesa, apresentados de forma bem humorada e agradável, aliada a um conhecimento profundo do tema. Cada tópico contém sete pecados diferentes, os mais comuns e os mais profanos, trazendo dicas para quem quer escrever corretamente. A autora também nos apresenta “dez grandes maravilhas” de uma comunicação clara e objetiva.
Dad Squarisi é também comentarista da TV Brasília, articulista, escritora, professora de edição de textos do Centro Universitário de Brasília e palestrante da melhor qualidade. Ela assina a coluna Dicas de Português, publicada em 15 jornais do país. Formada em Letras pela Universidade de Brasília, tem especialização em Linguística e mestrado em Teoria da Literatura. Foi professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira em todos os níveis de ensino. É autora, entre outros, de “Dicas da Dad”, “Mais Dicas da Dad”, “A Arte de Escrever Bem” e “Escrever Melhor” (os dois últimos com Arlete Salvador), todos pela Contexto.
Em encontro recente, na Academia Brasileira de Letras, o filólogo Evanildo Bechara preocupou-se com a defesa da língua: “Devemos olhar não só para o ensino, para a cultura, mas para as lições da universidade que se transforma, com a construção representada pelo trabalho do professor.”
Nesse aspecto, dizemos nós, há uma longa caminhada a ser percorrida, na verdade a partir dos primeiros anos escolares, pois registra-se um grande desleixo nessa forma de comunicação. A bibliografia da professora Dad Squarisi não pode ficar de fora de quem busca escrever de forma correta.