Ignácio Halfeld nasceu em Palmira, atual cidade de Santos Dumont (MG), em 26 de maio de 1912. Filho de José Araújo e Júlia Halfeld.

De infância humilde, aos 11 anos de idade trabalhou como ajudante de cocheiro no Rio de Janeiro. Em 1933, habilitou-se como motorista. Transferiu-se para Juiz de Fora em 1935, quando da prestação do serviço militar, tendo servido no 4º Grupo de Artilharia de Dorso, atual 4º GAC. Concluído o serviço militar, trabalhou como motorista na Fábrica de Estojos e Espoletas de Artilharia do Exército – FEEA/FJF (atual IMBEL), em Benfica, bairro onde residiu até sua morte, em 17 de setembro de 1984. Além de trabalhar na FEEA/FJF, Ignácio também era comerciante, tendo sido proprietário do antigo Café e Bar Santo Antônio, situado na esquina da Rua Martins Barbosa com Avenida JK (onde hoje se encontra o Banco Santander).

Casou-se com Carmem Garcia Halfeld, em 8 de dezembro de 1938. Carmem era filha de João Carlos Garcia e neta do Coronel Jeremias Garcia (vereador na primeira década do século passado) e de Inês Garcia.

Lançado na política por intermédio de José Oceano Soares, presidente do Partido Trabalhista Nacional – PTN, foi candidato a vereador em 1954 pela primeira vez, sendo eleito com 594 votos. Reeleito em 1958, pelo PTN, com 1.458 votos. Em 1962, pelo Partido Democrata Cristão – PDC, alcançou 1.977 votos, sendo o vereador mais votado da cidade. Em 1966, candidato pela Aliança Renovadora Nacional – ARENA, foi reeleito com 1.916 votos. Na eleição de 1970, de novo pela ARENA, nova vitória com 1.826 votos. Em 1972, pela ARENA, outra vitória, com 2.581 votos. Ainda na ARENA, foi reeleito em 1976, com 2.969 votos. Sua última vitória aconteceu em 1982, pelo Partido Democrático Social – PDS, com 1.815 votos.

Ignácio Halfeld nunca perdeu uma eleição. Foram quase 30 anos de exercício do mandato de vereador. Na Câmara Municipal de Juiz de Fora, além de presença permanente nas principais comissões técnicas da casa, Ignácio exerceu cargos na mesa diretora, chegando à presidência do legislativo em 1968, ano em que era prefeito o ex-Presidente Itamar Franco. Nunca disputou uma eleição para deputado – embora tenha sido convidado – e nem para prefeito de Juiz de Fora.

Com uma atuação de marcante preocupação com as pessoas mais humildes, Ignácio destacou-se por seu constante discurso e ações em defesa da comunidade que o elegeu. Durante mais de 40 anos, sempre no mês de junho, nas comemorações do dia de seu padroeiro, Santo Antônio, ao lado de Dona Carmem, Ignácio distribuía agasalhos e cobertores em sua residência para moradores pobres da região.

Tive o prazer de conversar com Ignácio em várias oportunidades. Por volta de 1981 (eu tinha 17 anos de idade), o visitei diversas vezes em seu gabinete na Câmara Municipal. Chamava-me a atenção sua presença na tribuna daquela casa. Ele não se impunha apenas pela voz firme, mas pelo respeito que tinha por parte de seus colegas que enxergavam nele um político a ser imitado.

Em 1983, decidi fazer-lhe uma homenagem. Escrevi, então, um poema que se chama “Essas ruas de Benfica”, e a ele dediquei. Dias depois, Ignácio Halfeld me chamou em sua casa (da Rua Diogo Álvares) e pediu-me para abrir um embrulho que acabara de chegar. Ao abrir, deparei com o poema que escrevi em uma linda moldura encomendada pelo vereador. Ignácio convidou-me ao seu escritório na casa, bateu um prego na parede ao lado da janela (de frente para a rua) e pendurou o quadro com a poesia. Na ocasião, me disse que, enquanto fossem vivos (ele e Dona Carmem), aquele quadro jamais sairia dali. Assim aconteceu!

Ignácio Halfeld construiu, durante sua vida pública, um invejável patrimônio de convicção aos seus princípios, fidelidade aos acordos e sólidos posicionamentos nas relações políticas. Fez de sua conduta um marco na história do nosso Poder Legislativo. Poderia, se desejasse, ir mais longe. Talvez, se assim tentasse, seria o primeiro prefeito de Juiz de Fora com reduto eleitoral construído na zona norte da cidade.

“Não usem a demagogia, respeitem sempre o povo, não prometam o que não possam dar ou realizar, não mintam e, em qualquer hipótese, agradem ou não, digam a verdade. Agindo assim, permanecerão na vida pública, como exemplo a ser seguido.” (Ignácio Halfeld)




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