Encontro debate aumento nas contas de água após substituição de hidrômetros

Autoridades, representantes da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) e dos órgãos de defesa do consumidor, se reuniram com a população na tarde desta quarta-feira, 21, no plenário da Câmara Municipal para discutir a situação dos mais de 7 mil consumidores, que reclamaram ter sofrido aumento nas suas contas de água após a troca de hidrômetro, promovida pela companhia.

“Existe um disparate muito grande no que está sendo cobrado pelo fornecimento de água, de um mês para o outro. Em muito dos casos, esse aumento ocorreu em função das mudanças dos hidrômetros. Por isso, convocamos a companhia para esclarecer ao município o que está sendo cobrado e, se possível, rever algumas situações”, explicou o vereador Luiz Otávio Fernandes Coelho (Pardal – PTC), que solicitou a audiência.

AUMENTO CHEGA A MAIS DE 200%
Desde o início do ano, a companhia de água já substituiu mais de 22 mil equipamentos, conforme orientação da Agencia Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (ARSAE-MG), que prevê melhorias na eficiência com a redução da idade média dos dispositivos. Essa ação causou surpresas nas contas dos consumidores da Cesama. “Estou tendo problemas em função da mudança. Mês passado paguei uma conta de R$76. Neste mês, minha fatura veio quase R$190. Por isso, estou pedindo um reparo, já que a minha casa não apresentou vazamentos, apenas os usos do dia a dia. Estou nesse encontro para verificar a possibilidade da Cesama avaliar o registro de minha residência”, reivindicou Vicente Duque, morador do bairro Olavo Costa, localizado na zona Sudeste.

A moradora do bairro Cidade do Sol, na zona Norte, Neuza Lucia da Silva Galdino, apontou que, além de problemas relacionados à troca do equipamento, ela teve transtorno proveniente de um erro humano. “Meu hidrômetro não foi trocado, ele tem dois anos de uso. Porém, a Cesama realizou uma média de consumo em minha residência e gerou uma fatura no valor de R$283, que é o que sempre consumo. Paguei a fatura. Entretanto, no mês seguinte, chegou uma conta no valor de R$917 e percebi que o funcionário da companhia adicionou um valor, ao invés de creditar um desconto em minha fatura. Procurei o Procon e a companhia e não resolvi meu problema, inclusive, a Cesama ofereceu um parcelamento da conta, todavia, dói muito pagar um valor que não usamos. Tivemos que realizar uma rifa para arrecadar o dinheiro para quitar o débito”, comentou.

O diretor do Serviço de Defesa do Consumidor (Sedecom), Nilson Ferreira Neto, contou que de janeiro a março deste ano, o órgão registrou 38 reclamações. “Tivemos alguns problemas nas faturas, alguns vinculados à troca do hidrômetro e ao consumo atípico. A nossa orientação é que as pessoas procurem o atendimento da Cesama e quem não for devidamente atendido, pode nos procurar para registrarmos a sua insatisfação”, atentou.

DESPERDÍCIO PODE AFETAR VALOR DA CONTA
Segundo o Diretor de Desenvolvimento e Expansão da Cesama, Marcelo Mello do Amaral, a empresa segue a risca as normas da Arsae-MG e as recomendações do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Em um levantamento realizado no início deste ano, foi constatado a necessidade de trocar cerca de 23% dos mais de 140 mil equipamentos do município. “O ideal é que o hidrômetro seja trocado a cada cinco anos e, se ele passar disso, pode apresentar uma submedição. Isso significa que o usuário que gasta 10m³, o equipamento velho não consegue ter essa leitura e calcula 8m³ e isso não é justo, já que a pessoa consumiu mais. Além disso, se não realizarmos a troca, pode ocasionar inconsistência na tarifa calculada pela Arsae”, ressaltou.

Amaral também destaca que o aumento no valor da conta não se deve a substituição do aparelho. Ele está atribuído aos problemas na distribuição da água que, em muito dos casos, não foi percebido ou comunicado pelo consumidor. Em mais de 50% dos casos, a Cesama ou o próprio usuário, identificaram que existia algum tipo de vazamento na localidade. “Os motivos que elevam o valor da conta são os vazamentos percebidos e os ocultos, que são os piores. Uma torneira gotejamento pode chegar a 1,4m³ no fim do mês, e elevar a conta de R$17 para mais de R$1 mil. As vazões ocultas, aquelas que acontecem no jardim, embaixo do piso, podem desperdiçar mais de 240 mil litros de água e aumentar a conta de R$19 para mais de R$7 mil”, esclareceu o diretor. “É de extrema importância que a pessoa visualize o vazamento e nos comunique. Em alguns casos, prevemos até um abatimento na conta”, acrescentou.

O diretor-presidente da Cesama, André Borges, reforçou que a empresa é fiscalizada regularmente pela Arsae é que nas ultimas aferições realizadas pelo órgão regulador, apenas 6% dos hidrômetros avaliados, apresentaram algum problema. Em 94% dos casos ficou apurado que a medição estava correta. “Quero chamar atenção para outros fatores que aumentaram a tarifa e a troca do dispositivo não é um deles. As pessoas consomem mais, mudam de faixa de consumo e, obviamente, aumenta o consumo. É importante ter isto em mente. Vale lembrar que, a cada três anos, o usuário pode testar o seu equipamento gratuitamente, com aferição do Inmetro e da Arsae. Estamos abertos para esclarecer quaisquer dúvidas”, finalizou.




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