O teatro, o museu, a fábrica …

Representativos, históricos e afetivos. Na quarta reportagem da série especial Patrimônio e História, em comemoração aos 167 de Juiz de Fora, o Diário Regional regata as memórias de alguns lugares que fizeram e fazem parte do desenvolvimento da cidade: Museu Mariano Procópio, Cine-Theatro Central e Centro Cultural Bernardo Mascarenhas.

Obstinado, o colecionador Alfredo Ferreira Lage dedicou sua vida à formação de um dos mais significativos acervos artísticos, históricos e de ciências naturais. Aberto à visitação em 1915, como museu particular, o Museu Mariano Procópio só foi oficialmente inaugurado no dia 23 de junho de 1921.

O acervo, constituído de cerca de 53 mil objetos de valor histórico, artístico e científico. Trata-se de uma coleção nacional e de relevância internacional, entre pinturas, esculturas, documentos, fotografias, mobiliário, prataria, armaria, cristais e peças de História Natural.

Obras de expoentes da pintura europeia, como os franceses Charles François Daubigny e Jean Honoré Fragonard e o holandês Willem Roelofs são destaques no acervo, ao lado de trabalhos de brasileiros como Pedro Américo de Figueiredo e Melo, Rodolfo Amoedo e Belmiro de Almeida.

O MAIS TRADICIONAL DOS PALCOS…

Colocando a cidade na rota da efervescência artística, o Cine-Theatro Central foi inaugurado em 30 de março de 1929 e serviu para as apresentações de companhias líricas italianas, orquestras e companhias dramáticas nacionais. Seu palco recebeu talentos do porte de um Procópio Ferreira, um dos mais expressivos nomes do teatro brasileiro.

Criado em 1955, o Teatro Experimental de Ópera de Juiz de Fora fez do Central cenário de seus concertos líricos até início dos anos 1970. Quando o país inteiro se voltou para os movimentados e inovadores festivais de música, o Central também mobilizou torcidas nas décadas de 1960 e 1970, e o juizforano conheceu alguns dos então promissores talentos da música brasileira, como Milton Nascimento, Gonzaguinha e Sueli Costa.

Prova da versatilidade do Central são os inúmeros e variados espetáculos de teatro, dança e música que têm se revezado no local nos últimos anos, trazendo a cidade alguns dos principais trabalhos realizados por artistas e grupos como Paulo Autran, Bibi Ferreira, Grupo Corpo de Dança, Eva Tudor, Nathália Timberg, Rosamaria Murtinho, Pedro Cardoso e vários outros.

MASCARENHAS, MEU AMOR

Símbolo do pioneirismo industrial, a antiga fábrica de tecidos Bernardo Mascarenhas, graças à mobilização de artistas, escritores e jornalistas, foi transformada, em 1987, em um amplo centro cultural. O movimento foi intitulado na época como “Mascarenhas, meu amor”. Seguindo a proposta inicial, o espaço abriu suas portas para as diferentes manifestações artísticas e culturais de Juiz de Fora e região.

Atualmente, inserido na lista dos patrimônios mais populares do município, o Centro Cultural oferece à comunidade galerias de arte, anfiteatro, videoteca e salas de aula, além de corredores para realização de eventos.

Além do Centro Cultural, no espaço também funcionam o Mercado Municipal de Juiz de Fora, a Biblioteca Municipal Murilo Mendes e restaurantes.

O QUE TEMOS PRA HOJE?

O superintendente da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Rômulo Veiga, diz que por ser uma cidade universitária, Juiz de Fora torna-se referência na região. “Ela configura-se como ponto de encontro para cidades próximas. Por esse motivo, também é normal que se tenha uma concentração de artistas aqui. Além disso, temos uma proximidade com o Rio de Janeiro que facilita esse intercâmbio”.

Veiga apontou as dificuldades de se gerir a cultura. “É muito difícil, com a receita que temos, depender apenas das políticas públicas para promoção da Cultura. Por isso, a Funalfa, além de ser uma fomentadora e articuladora, precisa ser uma facilitadora da tomada do espaço público pela arte”, explicou.

O superintendente da Funalfa ressaltou que vem defendendo a execução de toda a política de fomento cultural da instituição por meio de editais. “A minha proposta é de realização de um credenciamento simplificado do artista, que deve obedecer a requisitos mínimos e uma banca irá avaliar. Foi o que fizemos no Corredor Cultural e deu super certo. Muitos artistas novos que não estavam no radar de atuação da Funalfa participaram da programação deste ano”, finalizou.




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