cabecalho
Nós aqui de Juiz de Fora, por estarmos no litoral e capital de Minas Gerais, talvez não entendamos bem o grande potencial econômico e cultural que existe nas cidades do interior.

Na verdade, não falo especificamente das cidades do interior, mas falo do desconhecimento que temos do poder das pequenas cidades.

Pensem bem: se aqui, na capital, já é difícil fazer entender o valor de um projeto arquitetônico bem realizado, imagine em uma cidade onde nenhuma casa foi feita com arquiteto?

Esse questionamento me faz lembrar uma história de um representante comercial de uma fábrica de calçados que fora envi­ado para uma cidade pequena e distante para vender seus produtos.

Conta-se que mesmo depois de dias de viagem para aquele local ermo e pouco conhecido, o vendedor estava motivado, pois havia recebido “notícias quentes” que ali era um campo fértil para seu negócio. Por isso, mes­mo cansado do longo percurso, mal chegou e já queria conhecer o vilarejo.

Entretanto, descendo da chalana observou um fato que o desanimou e, de pronto, passou a mão no telefone, ligando para o chefe:

– Patrão, não vou nem perder meu tempo nessa cidade. Estou voltando na mesma embarcação.

De lá, o chefe respondeu:

– Mas por quê? Por que depois desse esforço todo você nem tentaria? Nossas pesquisas mos­travam que aí seria um campo prolífero para calçados!

– É que nessa vila todos andam descalços. Fiquei sabendo que ninguém nunca usou qualquer tipo de calçado. Nem sabem o que é isso.

Retornou, assim, na mesma embarcação.

Por coincidência, descia desse mesmo barco o representante de uma outra firma de calçados. Estava ali em função dos resultados da mesma pesquisa.

Assim que desceu, viu o mesmo cenário e, como o primeiro vendedor, passou a mão no telefone e ligou para o chefe:

– Patrão… nessa vila todos an­dam descalços. Fiquei sabendo que ninguém nunca usou qualquer tipo de calçado.

De lá, o chefe respondeu:

– Mas, e aí?

– Pode ir preparando as máquinas para aumentar a produção! Isso, aqui, será uma tremenda novidade! Vamos rachar de vender sapatos!

E o que essa anedota teria a ver com a área de arquitetura e de arquitetura em cidades pequenas?

Uma pesquisa do DataFolha feita para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo levantou dois dados importantes que respondem a essa questão:

1. Apenas 7% de quem constroi contrata um arquiteto. Ou seja, estamos em um país onde 93% da população “não utiliza calçados”;

2. Dentre os que não contrataram, 70% afirmou que o faria se tivesse a oportunidade.

Em cidades pequenas, a porcentagem de quem já contratou arquiteto é ainda menor.

Nesses lugares, conseguir pegar um primeiro projeto pode ser o cartão de visitas para abrir campo para vários outros serviços. E, nesses lugares, os bons projetos destacam-se mais.

Daí vem um outro dado importante: 73% dos trabalhos dos arquitetos surgem através de indicação.

As cidades grandes têm uma mística de glamourização…

Entretanto, certamente as pequenas são as que mais precisam de arquitetos. Isso pelo simples fato de que provavelmente ali se desconhece o valor de um para a qualidade dos seus lares.

Ser um desbravador, o pioneiro, não é fácil, mas, como diz o ditado: bebe água limpa quem bebe da fonte.

00
Rede Uai-Fi

As cidades pequenas precisam de profissionais para atendê-las. Ser um pioneiro, nesses lugares, tem suas dificuldades, mas ressalta os projetos bem feitos. Aqui as redes sociais são feitas de pessoas de carne e osso, mas propagam a informação tão rapidamente quanto as redes wi-fi.

01
Releitura

O telhado cerâmico, os tijolos aparentes e a madeira fazem parte da referência arquitetônica da maioria das pessoas e são ainda mais fortes nas cidades pequenas. Criar uma fachada fazendo uma releitura desses materiais não gera uma ruptura de estilos no local e deixa as casas com ares mais sofisticados.

02
Releitura 2

Pequenos centros comerciais começam a surgir nas cidades pequenas. Nesses locais também valem duas regras: ser atrativo visualmente para o cliente; não criar rupturas bruscas com a região. Aqui a madeira, o cimento queimado e o ripado criam uma fachada contemporânea ao mesmo tempo em que mantém o diálogo com a cultura local.

03
Interiores no interior

Os bares ganham ar de bistrô. A madeira aparente, o cimento queimado e os ladrilhos hidráulicos dão um toque de sofisticação e contemporaneidade, mantendo a linguagem regional. O incrível, nesse caso, é que esses materiais também são a tendência dos grandes centros urbanos.

PARA DICAS, SUGESTÕES E INFORMAÇÕES:
Fabiano Teixeira | Argus Arquitetura & Interiores
(32) 99103-1405




    Receba nossa Newsletter gratuitamente


    Digite a palavra e tecle Enter.